Nunca havia falado sobre isso até então, mas não suporto carregar mais comigo toda essa angustia em silêncio... Terei de falar sobre o fim do meu caso com a Vaca Jersey. Sim... Nós tivemos um caso. Pra ser mais preciso eu tive um caso com ela.
Nos conhecemos na turbulenta 2009 quando ela ainda usava uma outra identidade, me encantei logo que a vi. Antes da metamorfose ainda atendia como ele e vivia recebendo mil gracejos, nunca imaginei que um dia
teríamos algo. Foi uma relação
tórrida e intensa... Eu o desejava com cada átomo do meu corpo, acordava suado no meio da madrugada, sentia calafrios constantes. Até que um dia aconteceu...
Discutíamos muitas vezes e em algumas vezes
partíamos para agressão.. Mais eu do que ele, assumo. Por conta dos meus ciumes doentios passei a beber compulsivamente... Bebia com antidepressivos, fazia
escândalos, rogava praga, xingava, tinha crise de choros compulsivas e
fazíamos amor loucamente depois. A minha obsessão foi se tornando disforme, até que um dia abri a porta dos
armários e estavam vazios... Não havia nada, nem
ng... Só o vazio.. Eu o procurava pelas noites, buscava seu rosto em todos os cantos... Pedi ajuda de
Mauri Boffil, ele é influente, conhece tantas pessoas, além de ser um grande entendedor de feitiçarias e afins... Os esforços foram
inuteis... Passei dias em cima duma cama a espera de um telefonema, uma pista, um
contato... Nada... Comecei a não sair mais de casa, me tranquei dentro de mim. Por
insistencia, a única coisa que fazia era ir a casa de Paulo
Braccini dias de quarta-feira a tarde, quando
ouvíamos os seus
vinis da
Bethania e
comíamos quitutes feito pelo Paulo. Era divertido
vê-lo
nu (Paulo só anda
nu em casa) interpretando
reconvexo.
De pouco a pouco fui voltando a minha vida social, ainda pensava muito nele, todas as noites ouvia nossa música antes do
prozac. Dormia abraçado com sua
cueca e acordava diversas vezes achando que tinha ouvido sua voz. Os encontros com o Paulo foram aumentando e variando de local... Fomos na festa da nova casa do
Edu, conhecemos a tenda da tal mulher asterisco (e ela me deu um biscoito da sorte), entramos na toca do lobo. A falta que me consumia foi passando, até que surgiu uma nova
personalidade na cidade... Linda, com seus seios fartos e um ar superior que me causava algo que não conseguia identificar. A Vaca Jersey era
adorável, eu amava o timbre da sua voz, o jeito de falar, sua risada no ponto. Nos aproximamos rápido e comecei a sentir algo no peito novamente, algo que não acreditava mais que poderia sentir... Havia alguma coisa nela que não sei dizer. Cheguei a pensar que era ele, mas como poderia??? Pensei ser mais um de meus devaneios, mas novamente o Paulo me auxiliou e disse
tb ter sentido uma vibração, como se fosse algo de outras vidas. Numa noite a vaca veio me visitar, depois de algumas doses de vodka (com
desobesi), comecei a ter mais uma crise, mostrei fotos dele, chorei, me desesperei... Fiquei assim, como ele gostava... Foi então que a vaca me segurou com força e me jogou na cama. No amamos intensamente naquela noite e foi quando senti o seu cheiro de búfalo e fitei seus olhos no momento do gozo não senti dúvida e disparei:
Você voltou.Não havia o que ser perguntado, queria apenas as explicações... A confissão foi imediata, junto com lágrimas, gritos, quebra-quebra e muito mais sexo. Xingava, gemia, gritava, chorava e ria ao mesmo tempo... Explicou a
fuga, disse o quão não suportava mais, o quanto não suportou a distancia de mim que levou a loucura da
cirurgia para que pudesse voltar sem ser ele, que foi
inútil na tentativa de me enganar. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, meu homem, ainda que com tetas, voltou para minha cama.
Fazíamos sexo dia e noite, mas o meu medo.. O pânico de um novo desaparecimento repentino, fez gerar em mim todo comportamento
disfuncional novamente...
Mais gritos,
objetos quebrados, hematomas, cicatrizes... Estava doente.. Todos me diziam que estava doente... Eu não conseguia largar nenhuma das minhas drogas, nem
a bebida, nem o
prozac, menos ainda ele. Comecei a tentar investir meus sentimentos em outras frentes,
descentralizar minha atenção. Até que um dia, num grito eu vi o que precisava... Aquela
imagem.. A visão que eu precisava ter. Aquela
sunga branca... Foi a
sunga branca naquele 1,90 e 89
kgs.. Nas pernas mais bem torneadas que nunca havia antes visto. Após aquela imagem cheguei a casa, olhei pra ele nua em cima da cama e disse:
Não precisa se preocupar, hoje eu não vou gritar, estou indo.
Dei três passos até a porta, cogitei olhar pra trás... Desisti e segui em frente. Rumo a uma nova
visão.