O que gosto na verdade são de temas que ng se propõe a falar, de coisas intocáveis, não discutíveis. A sociedade se organiza em volta de seus tabus, desmistifica-los pode poupar algumas pessoas de muito sofrimento.
Costumo dizer que “A casa dos budas ditosos” é o meu livro de cabeceira. Se trata de um livro de luxuria e o autor, pela via do sexo, coloca em cheque diversos pilares da sociedade. Não que eu ache que devemos cair na mais completa barbárie, mas é preciso que se relativise as circunstâncias quando necessário e pra que isso aconteça as discussões não podem ser proibidas.
Tudo que está em nossa volta são convenções... As regras de etiquetas, vestuários, taxas ideais de saúde, padrões de beleza, organizações sociais... Tudo, nada foge disso... Tudo já foi diferente um dia, e passará a ser diferente em outro e em geral essa movimentação se da em torno de dinheiro/poder.
Com o incesto não é diferente, não se trata de uma tendência biológica/genética, é uma invenção humana. Segundo o antropólogo Claude Lévi-Straus, a origem do incesto seria a descoberta dos homens que poderiam aumentar seus negócios e estabelecer acordos políticos interessantes com outras tribos através do casamento entre aldeias. Há povos indígenas em que o incesto não é um tabu, e no reino animal, poucas são as espécies em que ele existe.
A televisão, grande formadora serializada de existência, colabora para a manutenção do tabu como tal. A teledramaturgia é um ótimo exemplo, quando em novelas um casal de irmãos ocasionalmente se envolve (sempre sem saber que são irmãos, naturalmente) o autor da um jeito de fazer com que não sejam, como se a situação não pudesse acontecer nem por engano.
Em “A Favorita” Mariana Ximenes, se envolve com Cauã Reymond, tecnicamente são filhos do mesmo pai. Ele o filho roubado do pai quando bebê. Ela filha do pai numa relação extra conjugal. No decorrer da historia descobre-se que na verdade ela era filha de um outro amante da mãe e eles vivem felizes para sempre.
Em senhora do destino Nazaré, vilão vivida por Renata Sorrah, é uma psicopata capaz dos piores atos. Roubou uma filha do colo da mãe ainda bebe, matou o ex marido, e gargalhou na morte da amiga. Mas quase teve um sincope qdo viu o irmão tentando beijar a “filha” (que no caso era irmã dele)... Ela invade a sala gritando que um raio cairia sob aquela casa. Nem a tão malévola criatura poderia suportar uma cena dessa estirpe.
Agora o que mais me chama atenção foi a novela “Agora que são elas”... Por duas situações que acontecem na mesma historia. Uma é Entre a Débora Falabella e Paulo Vilhena... Eles se envolvem, se apaixonam, tem um caso.. Aí descobrem que são filhos do mesmo pai... Nesse momento sofrem baldes, até que a mãe da moça revela que na verdade ela não é filha do suposto pai e os pombinhos podem ficar juntos. Na mesma novela Thais Ferçoza faz uma menina que é apaixonada pelo filho do padrasto. Seus pais são casados, eles foram criados juntos, mas a menina se sente atraída por ele e no final se casam.
Então vamos entender um pouco melhor isso... Quer dizer que se eles fossem irmãos de sangue haveria problema, do contrario não? Mesmo sendo criados juntos, como dois irmãos? O que parece pior... Duas pessoas que foram criadas lado a lado se envolverem, ou duas pessoas que tem laços de sangue, porém n sabiam disso??? Mas Pai não é quem cria????? Um homem que doa espermatozóide, por exemplo??? Se ocasionalmente um filho seu, se envolve com alguém q seja seu irmão biológico??? Como proceder????
Não quero fazer apologia à barbárie, as regras existem e é importante que de fato existam, mas qdo ficamos entre convenções e a felicidade é necessário ponderar e por isso gosto de historias/autores que mostram as diversas possibilidades indo além do convencional, por que a vida não é um jogo de cartas marcadas e existir vai muito além de simples obviedades.
O comentário sobre a nazaré foi ótimo. haha
ResponderExcluirqueridão, vc sempre ótimo com seus posts... para mim uma das melhores abordagens q já li sobre o incesto ... perfeita ... linguagem simples, direta, objetiva ... sem os arroubos do tecnicismo da psicologia, da sociologia, da antropologia e tantas outras "gias". o tabus sempre foram e serão criações humanas pautadas pelo jogo do poder e do dinheiro ... enfim ... tenho tb um veio mais para a "barbárie" [não considerada aqui como ausência de regras], mas a barbárie natural, livre, leve, e solta ... VIVA a BARBÁRIE da natureza ...
ResponderExcluirbjux amigo
aplaudindo de pé esta sua contextualização
;-)
Se o meu pai fosse um Sean Connery, eu pegava!! Sem o menor problema. O problema do incesto não é de cunho genético (crias deficientes)? Então... não teria galho.
ResponderExcluirEu acho que tenho a cabeça bem aberta. Tenho meus preonceitos, mas procuro não deixar com que eles tomem conta do meu senso crítico. E em relação ao incesto, eu não acho legal. E não é que seja preconceito... É que foge do natural. Existe uma questão genética. Se duas pessoas da mesma família se relacionarem e terem um filho, este filho pode nascer com problemas. Eu não sei muito sobre este assunto, suas questões culturais... Mas minha professora disse esses dias que é muito difícil encontrar sociedades onde o incesto é tido como "normal". Se eu não me engano há evidências de uma única sociedade. Bem, eu não sei direito. Tem que se persquisar sobre o assunto.
ResponderExcluireu ia falar que ja tive experiencias com primos, mas lembrei que primos não é incesto...
ResponderExcluirEi, nossa parceria marcou história (como eu já previa)
E, andei sabendo que hoje e seu aniffrsário! Vivaaa! Feliz aniffrsário!!!
Não podemos esquecer daquela novela Mandala, em que o havia uma relação entre mãe e filho, no caso do Edipo e da Jocasta (será isso mesmo?)
ResponderExcluir(In)felizmente nosso mundo é ditado por leis e (pre)ceitos da sociedade.
Fico imaginando como seria a vida em uma ilha de lost aonde nada destes conceitos religiosos e da sociedade existisse.