23.3.11

amor de felino...


Eu não acho que eu seja uma pessoa fácil de lidar, assumo isso... Tenho uma visão de mundo muito diferente da media e não uso isso só pra ficar escrevendo coisas cool num blog, eu vivencio essa “excentricidade” a todo tempo, mesmo por que, o que parece estranho pra maioria, pra mim não passa de uma obviedade.

O problema todo é que o gato tem algo de camaleão no seu DNA e esse é meu maior pecado e minha maior redenção. Gosto da diferença, convivo bem com ela, isso se de talvez por que sinto que tudo a minha volta é diferença. Freqüento lugares, converso com pessoas, lido com situações onde muitas vezes (muitas mesmo) tenho total critica diante delas, mas elas me atraem e consigo conviver como um encantador de serpente ganha vida com a sua naja.

Hoje tenho isso mais claro na minha cabeça, mas no fundo sempre foi assim... Foi assim com a UOL, por exemplo, onde sempre assisti e participei (mesmo que parcialmente) daquele circo. Entrava num chat lia os “Brow, mano, véi, leke, brother” com a convicção de que atrás de uma aparente virilidade havia tanta insegurança.. Todas as pessoas, seguindo um único script, a procura da mesma coisa fingindo ser algo que não é e mais um tanto caçando essa mentira... Nego usando como marketing o fato de mentir/enganar e uma galera comprando isso como prova de masculinidade, aahh vá!!!! Mas ok, vamos lá, permito ao outro o direito sagrado da fantasia e peneiro atrás do que fui procurar. Que atire a primeira pedra quem nunca mentiu pra si mesmo ou vive uma mentira...

E assim é com tudo, convivo com gente que tem erudição e sensibilidade pra admirar a beleza de uma poesia, mas é incapaz de compreender que nem todo mundo teve as mesmas oportunidades e trata com desprezo e preconceito quem não tem o mesmo gosto. Gente que discursa muito inflamadamente por um mundo melhor e não tem menor problema em cometer uma ilegalidade ou outra... Gente que fala do amor de Deus e canta música do Regis Danese pedindo santidade sem ter nem humanidade direito e por ai vai...

O problema é até que momento eu sustento isso... Ok, me adapto e consigo conviver com gente que acha que faz parte do bojo do amor proibir a pessoa amada de tomar um chopp com os amigos... Mas até que horas suporto isso quando a pessoa amada sou eu????

É claro que minha adaptação tem limites e que me coloco tb, em geral ela tem de vir das duas partes, mas sinto que a mola sempre se estica mais do meu lado e isso se da pelo simples fato de que na posição de “mais diferente” cabe a mim caminhar mais pra perto do meio.

Para ficar mais claro o que quero dizer farei uma síntese simples do que acho que é relação das pessoas em media e do que é pra mim...

Para as pessoas:

O relacionamento a dois é monogâmico por natureza, a fidelidade é sua maior base e fundamental para sua manutenção, por isso uma parte significativa da trama da relação se da em torno de problemas ligados aos ciúmes. Uma vez que há um compromisso o sujeito tem o direito de sempre estar inspecionando a vida da pessoa amada, podendo dessa maneira, quando necessário, proibir determinados comportamentos, companhias ou lugares. Uma vez se relacionando os dois sujeitos viram um e o mundo vai para o plural havendo dessa maneira “nossas coisas”, “nossos amigos”, “nossa vida”. Essa relação tem como valor mais importante o amor.

Para o Gato

O relacionamento é poligâmico por natureza e a cumplicidade é sua maior base. Compreendendo que o fato deu ter minhas necessidades de afeto saciadas e amar meu parceiro não vai fazer com que nem eu, nem ele, deixemos de desejar sexualmente outros indivíduos, acho justo que vivenciemos isso junto. O ciúme é possível, desde que não venha acompanhado com uma insegurança esmagadora que mate a subjetividade de alguma das partes. Nenhuma das partes deve deixar de ser ela mesma, abrir mão de seus programas, sua vida e seus amigos por nada e por ninguém, nem por mim. O “nosso” passa a fazer parte da relação sem que o “meu” precise sair de cena. Essa relação tem como valor mais importante o respeito.

Ok... Mas o fato é que em geral eu me relaciono com pessoas inseguras e emocionalmente instáveis e é lógico que o meu padrão de relacionamento não bate nem na porta. Considero a possibilidade de abrir mão da poligamia e isso muda toda natureza do que acredito, mas não deixo de abrir mão do meu espaço, não me permito virar uma marionete que vive pra servir aos desejos do outro, tentando a tarefa eterna de tapar um buraco sem fundo. Faço isso até pela manutenção de uma relação, por que se eu não fizer com o tempo não vou suportar, preciso ajustar minimamente que seja a mim.. Muitas vezes consigo esse mínimo... E convivo com o mínimo... Eu só não consigo precisar até quando... Pode ser que por muito tempo e até quem sabe a vida toda... Só não me venham tentar tirar esse mínimo, por que ai não tem como.


3 comentários:

  1. Gato! sua contextualização foi perfeita ... aprendi isto com a vida e dentro de um relacionamento ... não foi fácil, mas foi a maior conquista de minha vida.

    "O relacionamento é poligâmico por natureza e a cumplicidade é sua maior base. Compreendendo que o fato deu ter minhas necessidades de afeto saciadas e amar meu parceiro não vai fazer com que nem eu, nem ele, deixemos de desejar sexualmente outros indivíduos, acho justo que vivenciemos isso junto. O ciúme é possível, desde que não venha acompanhado com uma insegurança esmagadora que mate a subjetividade de alguma das partes. Nenhuma das partes deve deixar de ser ela mesma, abrir mão de seus programas, sua vida e seus amigos por nada e por ninguém, nem por mim. O “nosso” passa a fazer parte da relação sem que o “meu” precise sair de cena. Essa relação tem como valor mais importante o respeito."

    Talvez, aí resida o segredo q todos querem saber sobre como viver um relacionamento de 36/37 anos.

    Nunca abra mão disto. Qualquer outra forma de viver estará fadada ao fracasso, com raríssimas excessões ... eu por mim não seria eu se me sujeitasse a isto ...

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  2. Eu ainda não descobri se relacionamentos são possíveis para mim...

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  3. gato, ia escrever um comentário que era quase um tratado mas acho seria chover no molhado quando você parece ter a faca e o queijo na mão.

    só posso dizer que muito do que se duz sobre relacionamentos, certos e errados é meio super valorizado e cm base em fórmulas sociais estabelecidas.

    acredito piamente que os que acertam seus relacionamentos são os que mandam as regras às favas e vivem como acham melhor para os dois.

    é simples mas as pessoas complicam sempre.

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