Sempre fui acusado de radical e acho que de fato a crítica é justa, quando era adolescente e até a algum tempo atas era um verdadeiro incendiário. Com fama de polêmico e colecionando alguns desafetos vida a fora por marcar opiniões fortes comecei a ser visto como uma pessoa complicada e de trato difícil. Todavia o tempo vai tornando a gente mais sereno e preguiçoso. Começo então a me calar pra evitar algumas coisas. Não acho que essa maturidade prudente seja bonita, mas falta gás pra algumas discussões que não vão dar em lugar algum, discutir só pra marcar posição vai deixando de ser uma opção com o tempo, mas admiro quem o faz.
Nesses dias de carnaval fui pra casa da minha mãe com meu namorado.. Ok... Na verdade essa casa é uma casa que ainda não está toda terminada, sendo construída por ela e por meu padrasto, mas que tem um investimento financeiro maior dele. De tanto falar de minha mãe aqui alguns leitores já até despertaram a curiosidade de conhecê-la... Sempre alegre e divertida me respeita e respeita absolutamente minha orientação. Meu padrasto idem... Nos recebeu na casa dele na montanha com uma cama de casal e fez o mesmo na casa da praia, cogitou sair do seu próprio quarto pra que ficássemos nele.
Porém na semana passada minha mãe falou algo que achei meio esquisito. Antes de ir pra lá comentou que o meu padrasto pediu para que conversasse comigo e pedisse pra que ficássemos “comportadinhos”. Eu não gostei... E não gostei por que achei o pedido descabido... Não beijo na boca no meio da sela e não o faço por que sinto vergonha mesmo, acho que não o faria nem que fosse hetero, tenho respeito pela figura da minha mãe, o calopsita às vezes até me zoa por conta disso. Na pior das possibilidades deito minha cabeça no colo dele vendo TV ou vice e versa.... Ok... Engoli a seco e passou...
Quando foi ontem eu e namorado saímos do quarto fomos pra um cômodo externo da casa... Quando fomos minha mãe falou: “Pega leve pra não chocar o rapaz”....
Senhores eu sei que vou ser apontado como radical mais uma vez e no fundo eu sei que fui, minha mãe que me desculpe, mas quando o assunto é preconceito continuo tão radical quanto antes. Se tivesse na casa da minha mãe a historia seria outra, mas na casa dele não. Minha tia já tinha dito que o apartamento dela na cidade estava vazio e ofereceu. Não pensei duas vezes, chamei namorado e começamos a juntar nossas coisas. Quando fui falar com minha mãe... Bem... Foi uma commotion!!!
Eu juro... Juro que não queria ir embora, que queria ouvir argumentos que me convencesse do contrario... Mas ela dava volta falando mais ou menos as mesmas coisas e os argumentos básicos eram três
1 – Você vai criar uma indisposição entre eu e ele se for (hunmmm... tah!!!)
2 - A gente tem que respeitar as pessoas como elas são, é o jeito dele... Certa vez numa festa na casa dele, ele se recolheu pro quarto por que tinha um casal de lésbicas de mãos dadas ele entrou por que isso o incomoda, pra nós pode ser pouco ficar deitado no ombro, mas muita gente (como ele) se incomoda (respeito todo mundo como é e quero ser respeitado do meu direito legitimo de decidir quem vai estar próximo a mim ou não e eu não tenho cota pra homofico)
3 – Ele teve um enteado do primeiro casamento que era gay e pintava com ele, levava os parceiros pra casa e fazia o diabo, sendo um dos motivos para o fim do casamento (vai tratar essa cabeça, não tenho nada a ver com essa bicha má)
Diante desses argumentos a sensação que eu tinha era que se eu ficasse de alguma forma eu estaria concordando, abaixando a cabeça pra isso... E eu não podia fazer isso, eu não posso fazer isso por mim mesmo, pelo meu namorado, por vcs, por todos os outros que nos antecederam e que vão nos suceder... Eu não posso fazer isso!!!
Tentei mostrar que vivo no mundo que exige de mim ser comportadinho a todo tempo e não queria ter meu espaço invadido por esse mundo. Minha mãe, ao perceber que não ia ficar mesmo, começou a falar coisas do tipo: “Eu não sabia que você era tão mal resolvido, você tem que cuidar da sua cabeça”... Tolice... Não se trata disso e ainda que se tratasse, não acho justo ter que transcender os meus traumas para que ele mantenha os dele e permaneça com um posicionamento preconceituoso. Não me venha com essa de aceito, mas não quero ver... Cansei de ter de ser nobre, superior, compreensivo, melhor... Não, não.. Sou mesquinho e pequeno como todo mundo é... Também tenho meus orgulhos e brios.
Minha mãe chorou quando eu estava indo, me chamou de egoísta... Pensei em ficar.. Mas não podia... Odeio ver minha mãe chorar... Minha mãe é luz, é alegria é um poço de generosidade... Mas dessa vez não deu, Deus sabe a angustia que fiquei e ainda estou... Se estivesse na casa dela a historia ia ser outra, ele que se adaptasse... Mas ali não... Minha mãe diz que a casa é dela também, mas não tem autonomia de escolher onde pendurar um varal...
Enfim, penso que pra muita gente pode ser pouco e talvez de fato até seja... Pra mim foi o suficiente, não vou esperar piorar.
“Não se discute sentimento, mas seu argumento me faça um favor...
Respeite quem pode chegar onde a gente chegou”
Jorge Aragão – Moleque atrevido
Complicada a situação,isto porq lendo, achei que seus comportamentos são normais, pois tu não demonstra muito afeto, carinho, bjos em público, portanto a situação é normal, sem a necessidade de pedir para que ambos se comportassem...
ResponderExcluirForte abraço!
Às vezes, é necessário tomada de atitudes firmes, não é?
ResponderExcluirFez o que era necessário fazer. Você teria ficado tão angustiado quanto ficando lá e evitando as lágrimas dela. Se for pra ficar angustiado, que seja fazendo o correto
ResponderExcluirAbs
Não sei se faria a mesma coisa porque não sou de explodir assim (geralmente respiro fundo, conto até dez e vou dar uma volta pra não discutir e armar barraco...)
ResponderExcluirMas achei sua atitude certíssima. Assim pelo menos vão pensar duas vezes antes de qualquer comentário sobre! Na próxima vez, te tratarão com mais respeito e sem esses 'dedos' todos...
abraços do voy
Atrevido ou não, cada um sabe onde o calo te aperta, e até onde a gente suporta.
ResponderExcluirMãe é mãe, mas limites existem até para elas.