“Se
ele é Deus e eu sou louca, mas ng
desconfia
pois disfarçamos muito bem
Somos
imortais.. A morte não existe...”
Paula
Toller
Eu lembro
que quando eu recebi a notícia do cancer de Reynaldo Gianecchinni
fiquei meio sem reação.. O primeiro lugar que li sobre foi no TPM
de Macho (nesse post aqui) e tão simplesmente comentei que nem
sabia.
Devo
confessar algo à vocês que na época nem comentei, tamanha a minha
vergonha.... Mas o fato é que tenho um pouco de dificuldade de
sentir pena de um homem na posição de Reynaldo Gianechinni, mesmo
diante de uma doença dessas. Pk é akilo, né... Branco,
heterossexual (até a página 20), rico, lindo de morrer,
carismático, me chega na TV péssimo, mas como um galã na novela
das oito e tah ai até hoje.. Ou seja... Um cu virao pra lua.
É claro
que é uma doença grave, com um tratamento violentíssimos e a
possibilidade da morte nivela as pessoas de todas as castas da
sociedade... Nada é mais democrático que a morte. Porém não posso
negar que logicamente é difrente quando se tem recursos para se
enfrentar um cancer. Ainda que doente, Gianne certamente foi um
privilegiado na sua doença... Mas ok, assumo que é escrotíssimo da
minha parte pensar dessa maneira, já trabalhei numa ONG com
pacientes oncológicos e sei que olhar tão de perto pra dentro do
abismo que é a morte, com ou sem grana, é das experiencias
existenciais mais punks que o homem pode viver.
No texto
do Fred ele já me trazia um viés que era um tapa... A conclusão
era a cerca do carnaval feito pela mídia, mas o corpo texto se fala
da reação de imprensa e público quando um Deus se desmonta diante
de nossos olhos e se mostra finito e humano.
Pois
bem.... Nessa semana li que Reynaldo Gianecchini foi entrevistado por
Marília Gabriela no programa da GNT e que no final após ler as
palavras enviadas por uma fã, ficou emocionado, disse amar a
apresentadora que lhe deu um selinho. Adoro a Marília Gabriela, mas
domingo a noite é sempre complicado e ver outra coisa fora do meu
roteiro, pk tem tanta coisa que eu gosto passando ao mesmo tempo...
Sempre assisto uns três programas de uma vez e Gabi exige atenção...
Eu sempre adorei Marília Gabriela e ela em geral me prende com suas
entrevistas, inclusive a maratona dominical sempre termina com seu
programa no SBT. Então resolvi gravar o programa para ver o badalado
beijo e devia ser mais de 00:00 quando comecei a ver.
Primeiro
deixa eu dizer que a imprenssa marron é foda mesmo, não foi nada
como foi passado na internet, a ideia era que emocionado eles se
beijam meio que num clima de revivel entre o casal.... Nada
disso, ele passou a entrevista toda chamando ela de baixinha e ela
ficava falando a cerca de toda sua participação nesse processo
dando a entender que fazem parte da intimidade um do outro. No final
ele lê a poesia, ela da o selinho com a naturalidade de quem sempre
o faz e enquanto ela vai se despedindo ele diz “te amo” e ela
responde um “tb te amo” educado e corrido.
Pois
bem... Marilia Gabriela é uma sereia e sempre me prende, gravei pra
ver o beijo, mas comecei vendo a entrevista e fui indo... E a verdade
é que de todas as decepções a do beijo foi a menor. Se a doença
desfez um Reynaldo Deus diante do público a entrevista mostrou que
ele veio com garra para gritar por seu papel de Semideus...
Eu volta
e meia uso aqui no blog a expressão “como um editor da Marie
Claire” para me referir a o direcionamento de algumas pessoas,
programas de TV, comentários e mais uma serie de colocações que
abusam do politicamente correto, do comedido, do equilibado, do
sensato e etc... Posicionamento que parecem fazer parte de um manual
classe média Leblon de como se levar a vida. A Entrevista de
Reynaldo Gianecchini foi uma ilustração perfeita da metáfora.
Marília
Gabriela colocava em pauta a presença de uma morte próxima, a
fragilidade da doença, o sentimento de estar tão somente a mercê
da medicina e o galã (pk ali havia um galã e não um homem) dizia
que em todo esse processo, mesmo sendo jovem, estando debilitado,
tendo que interromper sua vida e seu trabalho, ainda sim em momento
algum chorou de tristeza, ele só se emocionava era com o carinho das
pessoas.... Que levou muito de boa a quimioterapia mesmo sendo “meio
chatinho”... Encarou com muita naturalidade e serenidade a ideia da
morte, sem medo algum... Declara não ter tido nenhuma reação de
revolta ou tristeza durante o processo.
Num dos
momentos falou algo que merece transcrição... A fala foi quando
Gabi questionou o fato dele ter declarado que não chorou em nenhum
momento, quando ela mesma viu um episódio desses... E ai ele
respondeu:
“Eu
chorei sim, mas nunca foi de tristeza eu sempore chorei toda vez que
eu constatava essa manifestação de amor, quando eu via esse amor..
Era uma coisa tão tocante que mexia demais comigo (Marilia
Gabriela o interrompe e volta a questionar dizendo que ficou com pena
quando o viu chorar e achou que era de medo)... Não.. Não..
Abslutamente... Mesmo... Nunca foi e eu não queria ser um
super-heroi, pk eu não sou... Ng é... Eu não queria me fazer de
forte... Era abolsutamente expontaneo, eu te falo super-de-verdade,
eu não tive momento de tristeza... Não tive... Cada dia pra mim era
uma descoberta tão bonita, mesmo, que tudo ficou tão pequeno, o
sofrimento era tão pequeno perto de tudo de bonito que eu tava
vivendo de todos os lados, das descobertas minhas internas e do amor
que era movimentado e isso me emocionava demais, até hoje me
emociona.. Eu fico muito emocionado quando eu vejo todo esse amor
ainda...”
No fim de tudo conclui com uma vermelha e vistosa cereja no bolo...
Pretende escrever um livro sobre a sua superação e reverter o
dinheiro para instituições de caridade. Faltou alguma coisa????
Não, né??? E claro que ele não é e nem que ser um heroi... Tudo
isso muito expontaneo.
Lembro que na época que trabalhava na ONG li um livro chamado “O
cancer como ponto de mutação” e esse também foi o título do
projeto que participavamos lá... A ideia era tentar a todo custo,
com muito trabalho, refexão e introspecção fazer com que as
pessoas chegassem no ponto que Reynaldo Gianecchini chegou com
sacrificio zero.. Aliás acho que ele é o homem do sacrifício
zero.Claro que existem pessoas que encaram de forma mais natural do
que outras, mas também não é dessa amneira.
Na entrevista ele também fala que tinha perdido o pai há pouco
tempo, o que pioraria esse processo, mas não para ele. Apesar de ter
uma relação distante com o pai, nos últimos momentos falou tudo
que precisava, de despediu de forma emocionada, abraçou o pai na
maca e enquanto estava abraçado e dizendo que ele podia ir em paz
agora, viu as taxas caindo no aparelho e começou a cantar no seu
ouvido... Após essa experiencia mágica de novela das oito ele
ressiginificou toda relação com o pai e é como se não tivesse
mais ausencia e ele agora o sente a todo momento..
Ah vá toma no cu Reynanldo Gianechinni... Escrever livro pra ajudar
a quem???? A você mesmo a manter sua perfeição??? Ao seu ego???
Pk a sensassão que eu tenho é que essa auto ajuda forçada, aqui em
baixo, no reino dos mortais, não ajuda a ninguém.... Nego vai é
se sentir péssimo diante de sua humanidade, de seus medos, suas
pequenesas e ver que alguém vive isso com tanta naturalidade....
A entrevista me fez lembra u m pouco o blog do “alguém por ai” e
das diversas vezes em que ele declarou não querer ler os manuais da
vida feliz com HIV... “Alguém por ai” sim pode ajudar alguém,
pk quem está diante do mesmo problema se identifica com o sofrimento
e vê que mesmo quem sente igual a ele pode chegar a redenção...
Que esse homem sofre, mas de pouco a pouco começa a seguir sua vida
normal.
Lá pro fim da entrevista ele diz que está fazendo análise e ai eu
pensei “finalmente reconhece uma fragilidade”, mas logo avisa que
não foi pea doença e nem por nada disso, chegou na terapia dizendo
que não estava ali por estar fragilizado pela doença, mas por que
resolveu entrar numa aventura pra se conhecer... Gabi pergunta se tem
sido dolorido (quem já fez análise sabe que é, por que toca-se
numas coisas bem punk).. E ele diz que não, que lida bem com seus
fantasmas e quem já enfrentou a morte que fantasma poderia
assustar???
Existem fantasmas em vida pior do que a morte Reynaldo Gianecchini..
A expectativa de ser pefeito diante de um mundo de imperfeições
talvez seja um deles... Fantasmas que pessoas como você todo os dias
ajudam a criar com um leve tom de caridade.
Teria ganhado mais se tivesse visto a entrevista de Greatchen e Tammy
no de frente com Gabi do SBT, que passou mais ou menos no mesmo
horário... Vejo mais verdade nos 16 casamentos de Greatchen do que
na luta contra o cancer de Gianechinni... Depois vcs não entendem por que eu gosto do trash, talvez por uma questão de proximidade, vejo mais verdade na Rede TV do que na GNT.
tem pessoa que nasce com tudo tão perfeito que até o câncer ela tira de letra como se fosse uma gripe... tive uma aluna de 25 anos com o mesmíssimo câncer dele, teve os melhores tratamentos do mundo, era uma pessoa maravilhosa, e mesmo assim morreu. Vai entender...
ResponderExcluirEu gostei da entrevista e de como ele encarou tudo isso, mesmo que seja mentira eu acho bacana ele passar essa mensagem de força. Amo o poema que ele leu no final da entrevista, já conhecia. A entrevista da Tammy e da Gretchen tb foi ótima, eu vi!!
ResponderExcluireu vi a entrevista e pensei a mesma coisa!
ResponderExcluirEu acho que a pessoa não precisa ficar expondo fraqueza, sabe? A gente sabe que não é nada confortável ficar deixando as feridas abertas por aí. O problema é que também é demasiado incômodo quando a pessoa paga de fodona. E facilmente perceptível.
ResponderExcluirEncontrar a medida é complicado a beça.
Bom... eu não assisti a entrevista... mas se vc diz, eu creio. E o GNT tá ultra SBT mesmo!
ResponderExcluirGrato pela citação!
Abraços!
A única vantagem é que esqueceram daqueles boatos de que ele é gay. Ao menos nisso ele deve estar aliviado. Acho interessante como algumas pessoas só lembram das instituições de caridade quando estão doentes. Se for pra doar pro Didi Esperança, nem caridade será...
ResponderExcluirNossa, achei fantástico tudo o que vc falou, nao assisti a entrevista e qndo vc começou a falar tive muita vontade, mas depois de ler um pouquinho mais fiquei com raiva também e com a certeza de perda de tempo.
ResponderExcluirUm cara que nao consegue nem assumir sua sexualidade de forma natural consegue mesmo levar tao bem tudo? Ou um cara destes é muito drogado e nao sente nada, nao tem mais nem forças para pensar ou é simplesmente um idiota num mundo de vidro que nao pensa.
Bom, ninguém está obrigando o cara a expor suas fraquezas. Mas se ele aceita o convite pra dar uma entrevista sobre o tema, se ele se propõe a ajudar as pessoas, acredito que o mínimo que ele tem que fazer é se colocar humano e não como deus. Porque exemplos da ficção já temos o suficiente, não?
ResponderExcluirBeijos!