Na trave...

Eu levei um bom tempo pensando que tom eu daria a esse post... Se ele seria sério, sóbrio ... Ou bem humorado, pk eu consigo tirar humor de tudo na vida, inclusive das minhas desgraças... Uma experiência de quase-morte não parece nada divertida de cara, mas seu eu pensar na tia fanha que limpava meu quarto, o médico lindo que me atendia, ou de algum barraco que eu tenha feito no hospital até da pra rir... Porém no final da historia sentei na frente desse teclado ainda sem saber o tom e muito possivelmente eu só vou saber mesmo no fim do post, a única certeza que tenho até agora é que PRECISO escrever.

O penúltimo post que tive aqui falava a cerca do meu estado de saúde, minha ida pra casa do meu pai na tentativa de descobrir de onde vinha uma tal febre misteriosa... Sem sucesso volei pra minha cidade e marquei um angiologista, considerando que podia ser algo na perna e voltei pra trabalhar que não podia ficar o resto da vida procurando um treco que já parecia até estar solucionado.

Primeiro dia de trabalho sigo normalmente, fazendo minhas atividades... No fim do dia comecei a arrumar um armário qdo de repente...  Uma ligeira dor no peito... Minha amiga pergunta se tá tudo bem e eu disse que sim, foi só uma fisgadinha... Outra fisgada, mais outra e vamos correndo pro hospital...

Muita dor, eu sentia muita dor... Cada vez que puxava o ar doía  parecia que me enfiava uma faca... Não tenho muita noção de qto tempo durou aquela agonia e lembro de algumas coisas apenas... Lembro da médica falando que eu n estava infartando, lembro de tomar muita medicação, lembro dela mandando por morfina, lembro de depois ela perguntando o que tinha mais forte que morfina pk a morfina não estava dando conta... 

Fiquei sabendo que ia ser transferido pro hospital da unimed na cidade ao lado, achei até estranho pk me sentia melhor... O calopsita tava vindo com uns amigos e meu pai vindo da cidade dele... Eu me perguntava a necessidade dele vir. Qdo a ambulância chegou e foram me colocar na maca eu disse que podia ir andando, mas o médico não deixou... Lembro de perguntar se ele achava que eu poeria trabalhar no dia seguinte e ele ri... Chegando no hospital eu vou pra UTI (oi????)... Minha mãe, minha irmã, meu pai, tio... Todos viajaram pelo menos duas horas e meia e eu comecei a pensar que a parada era realmente mais séria do que eu tava calculando.

Embolia pulmonar... A perna trombosou de novo e um desses trombos seguiu na direção do pulmão...  Por isso tava na UTI e fui de maca pro hospital.. Eu não podia me mexer. E ai eu pensei que eu passei mal 16:30... Que se fosse 17:10 eu estaria na van... N chegaria há tempo... Certamente não estaria mais aqui.... Acho que nessa hora eu comecei a perceber que o negocio foi sério.

A partir desse momento começa uma comottion... Telefone que não parava (com o Calopsita, pk eu naturalmente n podia ficar com cel na UTI), muitas e muitas e muitas visitas mega preocupadas... E minha ficha caindo.

A partir daí começa em mim um sentimento conflitante... Por um lado, sinceramente eu precisei passar por isso pra perceber o quão querido eu sou pras pessoas e me senti muito feliz por isso, pk de fato dou muito valor as relações e busco ser um bom amigo, primo, filho, irmão e etc... E ai esse é um retorno mesmo.. Na UTI não pode ficar acompanhante, só visita... E agente ali, naquela situação, sozinho... Pedindo ajuda pra tudo, tendo que tomar banho na maca por gente que nunca vi. Acho que poucas vezes me senti tão frágil e vulnerável. Mas com tudo isso ainda sim me sentia privilegiado pk as pessoas foram tão incríveis, sabe???? Como n se comover???? Não ser absolutamente grato???

Porém, tem uma coisa que me incomoda muitíssimo, pk assim, né???? Geral começa a entrar numa de "agora vc precisa se cuidar", "mudar seu estilo de vida"... Tah ok... Um tanto qto sedentário, com um sobrepeso considerável... Mas se tem uma coisa que me incomoda e sempre me incomodou muito é o direito que as pessoas se dão de interferirem diretamente na vida do gordo.. Do tipo...  Tem um rapaz que conheci há pouco tempo que não tem um dente lá trás... É atrás, mas super-acho-feio pk da pra ver... Nunca cheguei pra ele falei: Ai garoto, vai ver esse dente, que coisa horrorosa isso.. Mas ele se sentiu muito a vontade em muito pouco tempo que me conhecia dizer que não posso comer determinadas coisas. Ordenar a vida de alguém que esteja fora de forma é um direito legítimo que as pessoas se dão e mediante uma situação dessas nego fica mais legitimado ainda e isso me preocupa, pk eu n sei até onde eu vou ter paciência de ser generoso e tolerante entendendo essa manifestação de carinho dos meus amiguinhos.

Ai nego fala que parece que não to ciente de que minha vida muda daqui pra frente pk to muito calmo... Tipo, eu não me converti ao islã, no máximo vou ter que fazer uma dieta e aparentemente mais por aclamação popular do que por ordem médica, pk até agora os médicos só falaram que eu devo evitar alimentos com vitamina K, ou seja tudo que é verde... Partindo dessa lógica ai no x-tudo só tiro a alface.

Mas ok, de qq maneira me proponho a tentar ter uma vida mais regrada etc e tals... Mas tipo.. Uma vez me defini aqui como gordinho em frente a TV comendo Rufles e tomando coca... E a única coisa que muda nessa dinâmica é que a coca é diet e no lugar da rufles entra um cream cracker... Uma caminhada no fim da tarde e é isso, sabe???

N sei se de fato estou sem noção e o mundo tah mais ligado na minha realidade do que eu, mas tipo.. Nego me liga e pergunta o que to mastigando e por que estou comendo naquele horário... Sei lá... Se isso deixa de ser um excesso e ganha status  de carinho, amor e zelo, talvez de fato esteja realmente por fora das mudanças que virão e das duas uma... Ou entendo o fenômeno e me adapto, ou se acontecer mais uma ng liga, pk n vou ser mais esse fofo.

O susto passou, mas to um pouco preocupado com essa coisa toda... De qq maneira serei persistente e terminar o post assim como terminei o de antes de tudo acontecer... Vida que segue!!!

Próximo post comento sobre o Oscar, meio atrasadinho, mas pretendo cultivar esse mesmo hábito, mesmo tendo que fazer uma mudança radical de vida... Acho que ainda pra ver filme.