12.5.12

Maria do Rio




Mais uma vez o Rio de Janeiro se envolve numa polêmica ligada a nossa querida Maria Joana, ou cannabis sativa, ou pk não ir pro popular... Maconha!!!!

Prefeito da cidade e governador do estado são conhecidos como maconheiros defensores da legalização e apoiadores de movimentos como a marcha da maconha.

Eu, que nunca fiz uso, sempre fui a favor e tenho minha opinião baseado no que vejo, percebo e sinto.. Não sou nenhum especialista e nunca fiz uma leitura muito aprofundada sobre o assunto, mas a gente sabe dos benefícios do uso medicinal bem como dos malefícios são inferiores ao cigarro, do álcool e até do Big Mac... Sempre bato palma pra quem joga kilos de antidepressivo na privada e substitui por um back antes de dormir. O maior malefício da maconha está exatamente na proibição que faz com que o dinheiro vá para o tráfico contribuindo pra uma série de bosta.

Naturalmente a gente sabe que vivemos num sistema que em geral nosso dinheiro não coopera pra coisa muitos legais, né??? Sabe como é...  O tênis da Nike, o açúcar da união... Enfim.... Tudo isso. Todavia no tráfico a coisa é muito direta e eu acredito que de fato prejudique a mais pessoas além do que qdo a coisa é legitimada ela gera emprego, paga impostos e tecnicamente coopera para algumas outras coisas ai.

Por tudo isso e mais outras coisas de violência a idéia da legalização me parece razoável, mas o Brasil é um país estranho em que o usar maconha não é crime, mas vender é... Ser puta não é crime, mas a casa de tolerância é... etc etc etc...

O fato é que a coordenação de saúde mental do RJ que é um departamento da secretária da saúde e defesa civil disponibilizou para download em seu blog o livro “Drogas: Clínica e cultura/toxicomanias, incidências clínicas e sócioantropológicas.” E reza a lenda que a publicação recomenda o plantio da erva e o culto a seita de Santo Daime como alternativas para a redução de danos, além dessa afirmação o polêmico livro aponta 100 gramas como uma quantidade razoável para o uso diário. 





A notícia foi manchete no jornal o dia, o livro saiu do blog e a secretária tirou o corpo fora dizendo que o blog é de funcionários dizendo não ser oficial e nem integrar a opinião da secretária. O jornal tendência o lado negativo do acontecimento e fala que os CAPS da cidade do Rio que trabalham com dependência química os usuários são recomendados a trocar de droga e não parar com o vício.

Bem.. Vamos organizar os fatos:

1 – A política de redução de danos não é uma política dos CAPS da cidade do Rio de Janeiro e sim do Ministério da saúde. Os índices de recuperação de dependência química são baixíssimos e há MUITO tempo o trabalho tem sido direcionado pela busca de um uso social da droga, onde os níveis de uso não atrapalhem a vida do individuo. Situação que não se aplica ao álcool quando o cara é alcoólatra ou ao crack, mas que é perfeitamente possível no caso da maconha.

2 – O porte de droga não é crime, muito embora seja muito vaga essa questão de que quantidade pode ser considerada pra consumo próprio ou não, ficando a critério do policial que deu o flagra ou ao juiz. De qq maneira, configurado que era pra uso próprio o máximo o que pode acontecer são medidas sócio educativas e considerando que no Brasil crime é infração penal punida com reclusão ou detenção... Bem.. O uso não é crime. Todavia o tráfico é... E ai é aquilo.. Se eu posso usar, mas o cara não pode vender... Acho que nas entrelinhas já ta meio que claro que minha alternativa é plantar... Ou existe outra que eu desconheça???

3 – O lance do Santo Daime é uma viagem mesmo, na cerimônia religiosa eles fazem uso de substância alucinógenas, mas opa.. O lance não é ir pra curtir uma onda.. É uma religião porra, tem toda uma proposta de vida e tals. Eu até acho que não seja por ai, mas o que não faltam são estudos, campanhas, movimentos e tudo mais que falam a cerca do quanto a experiência religiosa é positiva na recuperação de drogas, inclusive tendo diversos espaços mantidos por igrejas evangélicas e católica... Daí eu pergunto... Se essa discussão é possível, pk a discussão a cerca do Daime como uma alternativa a redução de danos é tão polêmica??? Não deveria!!!

4 – É do conhecimento do planeta que prefeito e governador do Rio apóiam a legalização e ai quando a secretaria se coloca, monta-se esse circo. O apoio de prefeito e governador costuma inclusive a ser criticada pelo ex-governador Garotinho que volta e meia fala que eles fazem apologia a maconha e ao “homossexualismo”, como vcs podem conferir aqui.

Moral da história, muita firula pra poder vender jornal e uma situação que traz pouca novidade.. Quem no Rio de Janeiro vive sabe que o convívio da população com a maconha tem se tornado cada dia mais natural e toda essa naturalidade somada a ilegalidade vai tornando a situação cada vez mais problemática, então em vez de criar polêmica inútil o Jornal O Dia deveria estar mais preocupado em ser imparcial, pk mostrando a realidade tal como ela é, não existe alternativa mais razoável do que a legalização. E a secretária deveria bancar em vez de arrega pra um monte de cuzão.

7 comentários:

  1. Também não sou nenhum especialista, mas me irrita a hipocrisia do discurso dos maconheiros politizados.

    A contribuição dos usuários de drogas ilícitas, inclusive da maconha, para o crime organizado é do conhecimento de todos, diferente do que acontece com a Nike e outros, como você mesmo disse.

    Me irrita o fato se isentarem de qualquer responsabilidade enquanto cidadãos e atribuir toda a responsabilidade ao Estado.

    Acho válido pedir pela descriminalização da maconha, mas enquanto esta continua a ser ilícita e a contribuir para todos os males que já conhecemos, o correto seria não comprá-la, não?Mas pelo visto ficar doidão é mais importante.

    Acho de uma demagogia tremenda vincular a Marcha da Maconha com a Marcha pela Paz como fizeram ano passado quando pessoas que continuam a contribuir para a violência marchavam ali.

    É claro que acredito que a maioria dos usuários obviamente deseja a redução da violência e do crime organizado, mas isso vem depois do desejo de fumar sua maconha sem medo e com a consciência mais tranquila, mas não é isso que se ouve nos discursos.

    Dizem que maconha não vicia.Bom, deve viciar pelo menos psicologicamente pois é hipervalorizada.Na minha opinião ,passar por cima da gravidade de todos os problemas associados à ela, que é algo relativamente supérfluo, é colocá-la em uma patamar alto demais na vida.

    Certa vez o Marcelo D2 disse no programa da Fernanda Young que o usuário é vítima.Sou obrigado a discordar: vítima, de verdade, é aquela pessoa que não compra, não usa, não vende, não tem nada à ver com isso, mas leva pipoco por causa dessa merda.

    Sei que essa é uma posição do tipo que faz perder amigos.Mas prefiro essa do que ter que ficar buscando relativizar tudo o tempo todo para justificar o ato de fumar um beck e ficar chapado.

    ResponderExcluir
  2. Thiago eu concordo praticamente com tudo que vc falou e sempre disse que o preço de uma ondinha na balada é caro demais... Tb acho que as pessoas se exentam muito das suas responsabilidades nesse processo, mas nem eu nem vc somos a palmatoria do mundo por esse motivo, acho que temos todo direito de pensar como pensamos e por isso não usarmos, só não acho que precisamos perder amizades e nos afastarmos de pessoas em função disso...

    A dependência da maconha naturalmente existe, bem como do baralho, do chocolate, do sexo, de uma relação e de tantas outras coisas... Dependentes precisam de tratamento dependente da natureza de dependência.

    Mas permaneço concordando com vc que enqto for ilícita e os malefícios sociais existirem passar por cima da gravidade de todos os problemas associados à ela, que é algo relativamente supérfluo, é colocá-la em uma patamar alto demais na vida

    ResponderExcluir
  3. Gato, quando eu falei sobre essa posição ser do tipo que faz perder amigos, quis dizer que as pessoas podem ficar putas quando a expomos, não que me afasto delas.

    E eu não me comporto como se fosse a palmatória do mundo, embora às vezes tenha o impulso de agir como se fosse, o que é natural.

    Acho que passei essa impressão devido ao comentário acerca de quem seria a verdadeira vítima (deveria ter sido "mais vítima", mas ficaria muito tosco) do tráfico.Agora relendo o que eu escrevi, algumas pessoas podem achar que eu penso que usuários de drogas merecem morrer ou que merecem mais do que os que não são.Mas, não é isso, simplesmente penso que quando uma pessoa morre devido a um sistema que a própria sustenta e ela está ciente disso e das possíveis consequências ela acaba sendo em parte vítima de si mesma, o que para mim não era ser vítima, explico:

    A minha concepção de vítima era a do senso comum, uma pessoa que sofre devido a males sob os quais não têm nenhuma influência, mas ao ler um dicionário descobri que alguém pode ser vítima de si mesmo.Segundo a minha antiga concepção de vítima, pessoas de alguma forma envolvida com o tráfico de drogas, não poderiam ser inteiramente vítimas, portanto não seriam "vítimas verdadeiras".

    ResponderExcluir
  4. Não me passou nenhuma impressão negativa não, só fiz essas duas ressalvas pra explicar que concordo, mas com considerações.. Concordo inclusive nesse lance ai da vítima.

    Independente da definição do dicionário, naturalmente o autor de uma ação que desencadeia uma consequência está numa condição mais justa do que quem não pega a rebreba da consequência pelos atos dos outros.

    ResponderExcluir
  5. Lamentavelmente os discursos proibicionistas imperam e sustentam hipocrisias baratas. As UPPs provam que o governo do Rio está conseguindo acabar com o tráfico armado e sua violência sem por fim ao tráfico "escondido". Estratégias políticas devem ser sim consideradas para a efetiva implementação da redução de danos, como a excelente proposta de plantação de poucas quantidades, incluindo o consumo de álcool.

    ResponderExcluir
  6. Sei não... sou a favor da legalização, com ressalvas.

    Pessoalmente, eu sempre vou defender que drogas voláteis não deveriam ser utilizadas em locais públicos. Acho que quem quer usar alguma coisa tem todo o direito de usar alguma coisa, mas ao mesmo tempo eu não sou obrigado a ficar respirando fumaça de cigarro ou marola se não quero. Extremamente desagradável chegar num show, por ex, e ser obrigado a ficar respirando marola alheia, como sempre acontece. Quer usar, use num lugar onde ela não afete quem não quer ser afetado.

    O meu medo é que com a legalização a parada vire um bunda-lelê e a gente tenha por ai toda uma horda de pessoas pelas ruas baforando na cara dos outros sem o menor pudor, assim como já acontece muito com o cigarro.

    ResponderExcluir
  7. Esse é um daqueles assuntos que a solução prática (que é a mais razoável, racionalmente) já está bem desenhada. Mas como o assunto é tabu, a coisa ainda vai render muito...

    ResponderExcluir