10.10.24

O Personagem Dom

 


Eu curto BDSM, curto mesmo.. Acho que ando numa fase que tenho questionado bastante meus desejos e alguns processos que me levam até eles, mas até segunda ordem, eu realmente gosto de BDSM.

Tenho lá minhas limitações, por exemplo, não curto manter relação de amizade ou proximidade com quem me relaciono nessa perspectiva. Primeiro por que acho que é importante haver um distância, dominador é um papel e esse cara não tem fragilidades, inseguranças, não hesita... A fragilidade tipicamente humana não cabe nesse papel então é necessário haver uma distância pra que não haja acesso a  ela. Segundo que preciso dessa distância pra fazer o que faço e como faço. Jamais faria com o meu marido, por exemplo. 

Acho que outro ponto é o fato de que a lógica em torno da prática é completamente distante de mim, papo de extremo oposto mesmo. O BDSM se classifica por uma série de sub práticas, mas a bem da verdade é que a grande maioria delas as pessoas até realizam, mas fora da perspectiva do BDSM. Sendo mais claro eu vou dizer pra vcs que tem gente que curte algemas, suor, mijada, fistada e etc, mas que não faz isso na perspectiva da dominação. E aí você pode me perguntar: Mas se alguém executa várias das sub práticas e ainda sim não tá fazendo BDSM, o que precisa acontecer pra ser classificado dessa forma?

Te respondo, meu pequeno gafanhoto! Pra se classificar como BDSM tem que haver uma relação de hierarquia. Há um dom que manda e um sub que obedece, se não seguir esse formato, não temos BDSM, simples assim. Daí muitas vezes vc pode negociar antes e tirar desse sexo coisas elementares como penetração ou fazer coisas bem típicas e ainda sim não ser dominação. BDSM  tá na postura, no olhar, na forma que se solicita o que você quer. É prioritariamente sobre isso, essa é a base, os demais é tudo suplemento, tudo forma de reafirmar naquela cena que alguém está disposto a tudo para atender a qualquer desejo de outrem.

Sendo muito honesto eu gosto de comandar, mas sobretudo eu gosto da entrega do sexo BDSM, acho que é muito sobre isso. Numa sociedade em que as pessoas tem tanto medo de demostrar gostar, desejar, querer alguém, você estabelece uma relação de idolatria, pra muita gente apenas nesta ficção a expressão explicita de desejo pelo outro é uma possibilidade . Ali, naqueles minutos eu sou seu dono e você é meu, completamente meu. Claro que tem um monte de troglodita maluco e gente traumatizada se dizendo dom por aí, criando inclusive situações de bastante violência e risco, mas o real BDSM todo mundo tá bem consciente sobre o que está fazendo, tudo é muito negociado e limites são respeitados.

Eu poderia fazer uma meia dúzia de teorias sobre o por que cheguei aqui e nenhuma delas passa por personalidade. Embora seja uma pessoa extremamente controladora e comumente centralizadora, sou muito vertical nas minhas relações, audível as pessoas, atento ao outro e entendo que não existe convivência salutar por muito tempo onde haja tanta rigidez na dinâmica hierárquica.

Tendo muitas vezes  achar que estar ocupando essa persona pode ter muito haver com uma fragilidade, em se tratando de um homem gordo e agora também mais velho me parece um papel onde meu corpo é melhor aceito, mas a bem da verdade é que sou muito aberto ao inusitado quando o assunto é sexo. Acho que o mais adequado seria mesmo me classificar como kink, me dizer Dom é assumir um papel que tá circunscrito no imaginário das pessoas, entrego pra elas um papel que elas já reconhecem, dentro daquilo que é mais popular é onde melhor me encaixo, mas sou muito aberto a fantasias em geral. Já fui sub tbm (real n curto tanto), já sai com pessoas com fetiches inusitados como cortar cabelo, já sai com ficzeiro, curto conteúdos de cuckold e por aí vai... Existem outros papeis que me agradam bem, mas parece que o que mais desempenhei é de Dom.

Eu tive um parceiro submisso durante muito tempo e sem dúvida foi o que mais fiz nessa perspectiva e em fases diferentes da vida. A gente já chegou a sair com terceiros e certa vez ele me disse que nós dois juntos assustamos as pessoas. Alguém imagina um bebezão como eu assustando alguém? Pois bem, é possível, talvez pq eu seja um grande talento e nem saiba, mas nem me refiro a um grande talento pro sexo não, mas pra atuação mesmo! Acredito no personagem e seguro ele e é apenas sobre isso e nada mais. 




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