9.10.24

Um Gato praieiro e estradeiro




 Ainda na vibes do que rolou com o Gato nesses anos de adormecimento do Yag precisava falar de dois eventos que me influenciaram muito no meu eu atual.

Primeiro foi lá pro ano de 2017 que durante oito meses eu vivi uma versão fitness, com um padrão rígido de atividade física e dieta e que emagreci em focker oito meses. É muito louco, gente! Tudo muda, seja fisicamente,s eja na sua autoconfiança, na sua autoestima, você recebe muita aprovação social, de pessoas desconhecidas virem me elogiar, gente que me via todo dia no ponto de ônibus do nada me abordar e falar do meu emagrecimento, o cara da farmácia que eu pesava, da xerox de baixo da minha casa, o olhar brilhando da minha mãe, os muitos amigos falando que eu estava maravilhoso. Eu fui obeso uma vida toda e de repente eu ocupava um outro lugar e um lugar muito socialmente aceito.

Durou em média de dois anos em 2020 eu já tinha engordado bastante e  não era fácil, pq nunca foi fácil ser um homem gordo, é lidar constantemente com a rejeição, com mensagens que dizem que teu corpo é feio ou mesmo doente. Mas fato é que eu cresci nesse corpo e sabia lidar com tudo isso, ser um homem gordo nunca me impediu de ter amigos, de namorar, e fazer sexo e de viver (no máximo dificultou uma coisa ou outra). Todavia ter emagrecido e engordado novamente era lidar com o oposto do que falei lá em cima, era lidar com os olhares de espantos e os comentários de "o que aconteceu?', era ver a decepção estampada mesmo. Quando emagreci comecei a trabalhar em Campos (cidade que vivo agora), haviam pessoas ali que nem me conheceram gordo, depois que engordei eu odiava ter de voltar em Campos, ter que reencontrar as pessoas. Eu lembro que em 2020, quando tentei voltar aqui escrevi um post  que era tão pesado que apeguei de vergonha. Lembro que falava que na esperança de emagrecer de novo eu parei de comprar roupas, eu não joguei minhas roupas de magro fora e não queria comprar roupa pra esse corpo, é como se ele não merecesse, não fose meu, era um corpo em transição que não merecia ser investido. Tudo meu era velho, feio  desgastado que era exatamente como eu me sentia.

Essa fase passou, algum tempo depois eu comecei numa de ficar bem vaidoso, comprar roupas, acessórios, valorizar esse corpo, foi nessa perspectiva inclusive que voltei a frequentar praia. Eu era uma criança que amava ir pra praia. Meus avós alugavam casa para passarmos  verão e e eu ia a praia todos os dias de manhã, as vezes a tarde tbm. Na adolescência comecei a me sentir muito mal com meu corpo, passei a ir de bermuda, depois sob  justificativa de não assar a barriga na prancha passei a entrar de mar no blusa, mas era não eram roupas de banho, eram roupas comuns e era bizarro eu todo dia na praia com aquele monte de roupa encharca ouvindo minha avó insistir pra eu tirar aquela camisa que eu n tirava nem um segundo. A praia foi s e tornando um lugar cada vez mais inóspito pra mim e depois de pouco a pouco fui me antipatizando, casei com meu marido que tbm não era muito fã do mar e morei anos em uma cidade de praias paradisíacas sem ir a praia jamais. Em 2021 eu queria passar a ter marca de sunga, tirar as marcas de camisetas, já estava mais vaidoso e vivendo nesse lugar paradisíaco comecei a considerar a pegar sol no quintal, até que me dei conta do absurdo e já lidando melhor com meu corpo passei a ir a praia, de início uma praia mais deserta, depois qualquer praia e de sunga e pau no cu do mundo, ra uma sensação de liberdade. Acho praia uma rolê bem cansativo e puxado, mas sim, me dou super bem com esse ambiente hoje.  Foi assim, desse jeito que virei praieiro. 

Outra coisa é sobre minha persona motorista, por que quando eu escrevia nesse blog não sabia dirigir. Tirei minha carteira em 2016 e pra mim foi quase que inacreditável. Em 2013 passei por todo processo e perdi na prova duas vezes, prometi pra mim mesmo que só voltaria a tentar quando comprasse um carro, em 2016 comprei um celtinha, duas portas  manual, sem direção hidráulica, mas olha... Que saudades! Em quatro meses tirei carteira e passei a dirigir e honestamente, carro te trás uma liberdade tão grande, é realmente uma mudança, inclusive pra tua vida social. 

Na época ouvia de várias amigas que levaram meses pra por o carro na garagem pela primeira vez, outra a mãe levou um ano indo com ela ao serviço e buscando até ela pegar segurança, outra com cinco anos de carteira não pegava estrada. Eu não tinha quem fizesse nada disso por mim e tendo meu primeiro carro aos 32 anos não levaria esse tempo todo pra pegar estrada, aliás não levaria mesmo. Com uma semana viajei pra cidade vizinha há 25 kms, na outra fui há uma a 35kms, depois outra a 60kms, na quarta semana 120 kms, cm seis meses de carteira viajei do interior do Rio até BH. Eu lembro que os últimos lugares que peguei confiança de dirigir foi na capital e pra subir a serra de Petrópolis. Pro Rio eu sempre ia até Niterói, atravessava de barca e fazia tudo de uber, hj eu dirijo até lá, mas continuo odiando andar de carro por lá, deixo meu carro na garagem e continuo fazendo tudo de uber. Acho os motoristas mal educados, a cidade cheia de armadilhas, corro mesmo, mas a bem da verdade é que com o waze na mão eu vou pra qualquer lugar. Aprender a dirigir criou em mim outra relação com a estrada, antes eu gostava de viajar, mas odiava a estrada. Eu enjoo viajando de carro, então não conseguia ler e nem fazer nada, era um tempo inútil. Hoje eu adoro estrada, não enjoo dirigindo, adoro fazer longas viagens de carro, adoro acordar cedão e amanhecer na estrada, é um paisagem muito confortável pra mim.

Se sou um exímio motorista? Não me acho, inclusive volta e meia tomo uma multa na cara, mas sou carudo e me meto em qualquer lugar. Recentemente meu trabalho abriu uma unidade em Brasília e por vários motivos a gente não tem passagem aérea contemplada, então volta e meia cortamos Minas Gerais inteira de carro e vamos pra Brasília, da última vez eu fiz a estrada toda sozinho na volta, 1200kms, a maior estrada que peguei na minha vida e repito, amo. Adoro parar nas cidades, comer na estrada conhecer os lugares. . 

O que me motivou escrever esse post hoje foi ter emprestado o carro pra minha mãe e  tirar ele da garagem pra ela pq era muito imprensadinha e eu estou mais acostumado, me vendo tirar o carro ela falou "meu filho você dirigir é quase um milagre pq eu confesso que achei que você não aprenderia nunca". Minha mãezinha e o jetinho dela, mas eu juro que entendo, pq autoescola foi o primeiro desafio que peguei na minha vida que eu realmente não creditava que chegaria no final, pq foi exatamente por ser um homem gordo que nunca foi devidamente trabalhado na minha motricidade, que eu não tinha senso de direção nenhuma, controle motor, noção espacial, um verdadeiro caos. A primeira vez que subi numa esteira na minha vida foi em 2017 e eu tive que aprender a andar na esteira por que eu tinha medo de cair.  Hoje todas a vezes que converso com alguém que mora longe eu vou pro maps, eu olho a distância, olho o caminho, faço cálculos, não que necessariamente eu vá, mas adoro planejar viagem, reconhecer caminhos, uma realidade totalmente diferente do que eu e era há alguns anos atrás e foi desse jeito que virei estradeiro.

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