Ainda falando em Brasília... Passei meu aniversário lá, foi um dia maravilho, almocei num restaurante mexicano super legal, assisti "Ainda estou aqui" no cinema e a noite fui no show de Caetano e Bethânia, naquele dia eu vivi um Brasil que deu certo, foi incrível.
Sobre o filme não há nenhum exagero midiático, tá sensacional mesmo. Acho que se alguém apenas contasse a história como aconteceu, por mais grave que tenha sido, não soaria tão bárbaro como efetivamente foi. O filme foi muito eficaz em passar a tortura psicológica, angustia, o drama! Se eu pudesse definir com uma palavra eu diria claustrofóbico. Ele é ambientado na maioria do tempo no Rio de Janeiro, numa casa grande, na beira da praia e consegue ser mais claustrofóbico do que e fossem 2 horas de uma pessoa trancada numa caixa. Walter Salles foi muito sagaz nas suas escolhas, Fernanda Torres foi de fato um show a parte, por que tudo, absolutamente tudo estava no rosto dela. Vi uma entrevista em que ela dizia que aprendeu com a mãe a ser econômica com o choro em cena, que se a personagem chorasse no primeiro momento em que havia sentido chorar, até o fim do filme ela estaria em frangalhos. Todo o sentimento do filme passa nas expressões contidas e poderosas da Fernanda.
A recepção dele no circuito de cinema europeu já no fez supor que havia chances para o americano, o estúdio investiu no filme. É como Fernanda diz, se trata de um trabalho de diplomacia tentar chegar ao Ocar, o que dirá ganhar e o elenco tem feito seu dever de casa. Funciona assim, os votantes da academia tem que escolher entre 86 filmes 15 pra uma pré lista, eles não são obrigados a ver os 86, mas são obrigados a ver os 15 pra poder votar. São muitos filmes então é importante que o filme faça uma puta campanha pra chamar a atenção desses caras pra assisti-lo e isso funcionou pq "Ainda estou Aqui" já está na pré lista de filme internacional do Oscar, concorre nesta mesma categoria no globo e Fernanda Torres de atriz, os holofotes estão em cima dele.
Nas rede sociais os brasileiros fazem a sua parte, por que sim, a gente perturba quando algum nosso ganha espaço nas colunas internacionais. É a possiblidade de ver o Brasil representado na maior premiação de cinema do mundo situação que não ocorre desse de 2008 e isso ainda ganha um plus quando a gente pensa que tem exatos 25 anos que Central do Brasil que tbm é dirigido pelo Walter Salles levou Fernanda Montenegro a ser a primeira atriz Brasileira a concorrer um Oscar e agora isso acontece com a sua filha.
Tudo isso é muito poético, mas a verdade é que essa história só tá clara aqui, em solo brasileiro, lá é só mais um filme concorrendo e aparentemente a concorrência não está nada fácil. Comecei recentemente a maratonar a temporada de premiação 2025, não posso falar sobre como está esse bioma inteiro, mas já posso dizer que temos grandes batalhas pela frente. No campo de filme internacional Emília Perez é nosso maior concorrente. O filme francês ambientado no México todo em espanhol e inglês dirigido por um diretor que não fala nenhuma das duas línguas, a principio parece um Frankenstein, mas parece estar agradando bastante a crítica e trás Karla Sofia Gascón, uma atriz trans, forte na temporada, numa época em que a diversidade tem sido tão valorizada, temos a possibilidade de ter a primeira atriz trans a ganhar um Oscar, logo quando Fernanda Torres tbm é uma possibilidade.
Além disso temos gigantes da indústria como possíveis concorrente no páreo como Angelina Jolie, Nicole Kidman, Kate Winslet e Demi Moore. Confesso que em geral não gosto muito da Angelina Jolie atuando e nem dos filmes que ela faz parte, mas dizem que é o melhor papel da carreira dela. Demi Moore atua no queridinho do momento "A Substância". Isabela Boskovis comparou o filme com Laranja Mecânica e eu realmente não acho um exagero. Caricatural, perturbador, incômodo, a substância é daqueles filmes que veio pra marcar a cultura pop, vamos o resto da vida cita-lo quando falarmos sobre a tentativa desesperada pela manutenção da juventude, uma atuação corajosa por que nem de longe deve ser fácil para Demi Moore no alto dos seus 62 anos, vivendo o etarismo dessa indústria, emprestar teu corpo de uma forma tão exposta pra denunciar esse etarismo.
Moral da história, temos boas chances de concorrer, grandes chances de estar no tapete vermelho e uma chance mediana de ganhar, não é impossível, mas vamos entender que um filme que trata da ditadura militar, brasileiro, contando essa história para o mundo já é vitória o bastante, se a gente conseguir a estatueta, foda... mas se não conseguirmos tudo que rolou aqui tá bem legal, não tem mais como perder nessa história, já vencemos a briga agora é só pela cereja do bolo, mas se não rolar, vai sem cereja mesmo.
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