Foi a realização de um sonho, tô namorando ela já tem um tempo... Postei no insta uma foto abraçado com ela quando o mercado livre entregou, fiquei com medo de nego achar que eu sou maluco, mas um monte de gente falou que tá louco pra adquirir uma. Achei engraçado, utensílios de cozinha parecem os novos brinquedos da vida adulta, dei um presente pro jovem gato e um pro adulto tbm. Todavia , depois refletindo melhor conclui que pra mim nem é só sobre eu amar culinária, tem mais coisa nessa história, que vai ficar registrado apenas por aqui mesmo.
Aqui em casa já tinha batedeira, daquela simples, quando eu comprei lembro que foi pq peguei uma promoção boa e eu basicamente queria pra bater clara em neve. O Calopsita usava bastante pra bater bolo e fazer cookie, ela super atendia.
Quando voltei pra Campos e vi o apartamento conclui que fazer massa nunca mais, pq eu n tinha nenhuma bancada pra sovar e verdade seja dita eu sempre odiei sovar massa, o período que eu fiz mais massa na vida foi depois que conheci o Sr Centro do mundo (um "ex" que falei ai em uns post a baixo), ele era maravilhoso na cozinha e muito bom com massas, muito bom mesmo, sova como ninguém (pode manter essa risadinha que vc deu aí, pq é em todos os sentidos). Foi então que comecei a namorar a possibilidade da batedeira planetária (pq diferente da comum ela sova massa), mas como massa não é uma coisa que eu faça com frequência, deixei pra lá. O lance é que quando eu pesquisava sobre batedeira tbm pesquisei sobre essas maquinas de massa fresca que serve para afinar a massa e fazer macarrão. Eu achava que uma coisa precisava vir conjugada da outra pq da mesma forma que não tinha espaço pra sovar, tbm não tinha espaço ideal pra afinar. Nessa o namorado do meu marido me deu a máquina, só que eu não tinha batedeira, então resolvi comprar.
De lá pra cá fiz várias coisas bem legais e confesso tá lembrando bastante do Sr Centro, de uma forma terna mesmo, sentindo saudade desse universo que dividíamos. No fim de semana assisti o filme "Rivais", um dos filmes da temporada e de alguma forma a dinâmica do filme me remeteu a minha dinâmica com ele. Na história três personagens tem suas vidas envolvidas a partir das suas relações com o Tênis, ele seguiram caminhos diferentes, mas permaneciam unidos por aquele universo, no filme inteiro essas relações aparecem mediadas pelo ritmo das quadras. Isso me lembrou absurdamente ele a minha relação com ele e com a culinária, pq no fim parecia ter se tornado a nossa única conexão. É difícil até falar, pq nós temos até visões de mundo parecidas, mas acho nossa diferença aguda tem mais a ver sobre como responder a esse mundo do que exatamente sobre como enxerga-lo.
Eu costumo dizer que o primeiro gesto de amor que a gente recebe na vida é alimentação e dali pra frente a gente passa a vida nutrindo o que queremos e não nutrindo o que não queremos. Minha mãe nunca foi de cozinha, mas a minha avó era a famosa cozinheira de mão cheia. Quando eu não sabia fazer nem um arroz e o máximo que eu fazia era uns mexidos malucos ela me dizia que eu era bom de cozinha, que tinha "boa mão". Quando minha avó morreu eu já cozinhava, mas cozinhei pouquíssimas vezes pra ela. Lembro que propus fazermos um almoço num dia das mães, deu tudo muito errado, fiquei super frustrado, a minha avó não conheceu minha culinária e a minha culinária é uma declaração de amor pra ela. A cozinha me acalma, me centra, me ancora, é um lugar quase sagrado pra mim, um lugar que me encontrei e que ficou uma espécie de elo perdido com a minha avó e foi nesse solo, nessa arena que eu encontrei com o Sr Centro e lá foi o único lugar que permanecemos quando já não existia mais nada... Agora a distância nos afastou de vez mesmo, mas ficou em mim o gosto pela massa fresca que ele me ensinou e é desse jeito que uma batedeira deixa de ser apenas um eletrodoméstico e vira uma ponte para boas recordações do passado e um "oi, sumido!" no presente.
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