29.12.24
As chances de Fernanda Torres no Globo de Ouro
27.12.24
Monstros
A Operação Punhal Verde e Amarelo foi um plano diabólico, com condução do então presidente da república de assassinar o presidente eleito, o vice e um ministro do STF. Tem um vídeo de 1999 em que Bolsonaro fala claramente a favor da tortura e assassinato feito pelo estado e que a ditadura matou foi pouco, que deveria fazer mais e que se ele se tornasse presidente fecharia o congresso no dia seguinte.
Uma coisa ninguém pode negar, Bolsonaro não tentou enganar, ele sempre deixou claro seu jeito violento, truculento, estupido e o Brasil resolveu apostar que a proposta de uma violência estatal poderia ser uma saída.
O plano foi discutido com 35 membros das forças armadas e sua discussão aconteceu na casa do General Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro. Planejaram, orçaram gastos, mobilizaram, no caso do assassinato de Alexandre de Mores chegaram a ir pra rua, todavia não deu certo.
Essa gente que passa a vida inventando um inimigo imaginário, que fala em ditadura gay, de Ursal, de um conluio comunista, essa gente que constrói no imaginário popular a lenda do inimigo interno pra desviar as forças armadas da sua função de garantir a soberania nacional mediante a inimigos externos e coloca as forças de segurança pra atacar a própria população.... Essa gente planejava três AS - SA- SI - NA - TOS feito por agentes do estado, feito por gente que é paga para garantir a segurança.
No fim da história o 08 de janeiro foi o último suspiro de um plano que fracassou e tudo virou um grande tiro no pé. Os Kids Pretos, setor do exercito de operações especiais que cometeriam o assassinato, diz de uma estrutura que se manteve no exercito brasileiro pós ditadura, diz de uma democracia que se fez beneficiando seus golpistas e os mantendo no poder e quase 40 anos depois do fim do golpe militar essas estruturas que nunca foram desmanteladas não conseguiram dar um golpe de estado, mas estiveram bem próximas disso, fico me perguntando se num cenário de Trump presidente com alguma espécie de apoio norte americano isso não teria acontecido. Tudo isso fortaleceu o "sem anistia" e pra mim desceu mais alguns degraus deixando claro a necessidade de desmobilizar toda estrutura que se manteve no exercito e permitiu que ficasse abrigado ali um ovo de serpente que só esperava a sociedade ficar pronta pra chocar. No fim da história a única inteligência de Bolsonaro foi ler o seu tempo e entender que as igrejas evangélicas já tinham criado um espaço pra que esse universo paralelo que rolava no exercito visse pro centro da cena, juntando o inútil ao desagradável.
Essa gente tem que ser punida, cabe a essa geração fazer o que a anterior não fez e pressionar a classe política pra que puna e elimine todo e quaisquer movimento antidemocrático sem manter nenhuma regalia ou condição especial que possa fazer ele prosperar. Parafraseando o Bolsonaro devo dizer que a redemocratização fez foi pouco é preciso punir de forma exemplar os golpistas de ontem e de hoje.
26.12.24
Batedeira Planetária (Me mimei parte II)
Foi a realização de um sonho, tô namorando ela já tem um tempo... Postei no insta uma foto abraçado com ela quando o mercado livre entregou, fiquei com medo de nego achar que eu sou maluco, mas um monte de gente falou que tá louco pra adquirir uma. Achei engraçado, utensílios de cozinha parecem os novos brinquedos da vida adulta, dei um presente pro jovem gato e um pro adulto tbm. Todavia , depois refletindo melhor conclui que pra mim nem é só sobre eu amar culinária, tem mais coisa nessa história, que vai ficar registrado apenas por aqui mesmo.
Aqui em casa já tinha batedeira, daquela simples, quando eu comprei lembro que foi pq peguei uma promoção boa e eu basicamente queria pra bater clara em neve. O Calopsita usava bastante pra bater bolo e fazer cookie, ela super atendia.
Quando voltei pra Campos e vi o apartamento conclui que fazer massa nunca mais, pq eu n tinha nenhuma bancada pra sovar e verdade seja dita eu sempre odiei sovar massa, o período que eu fiz mais massa na vida foi depois que conheci o Sr Centro do mundo (um "ex" que falei ai em uns post a baixo), ele era maravilhoso na cozinha e muito bom com massas, muito bom mesmo, sova como ninguém (pode manter essa risadinha que vc deu aí, pq é em todos os sentidos). Foi então que comecei a namorar a possibilidade da batedeira planetária (pq diferente da comum ela sova massa), mas como massa não é uma coisa que eu faça com frequência, deixei pra lá. O lance é que quando eu pesquisava sobre batedeira tbm pesquisei sobre essas maquinas de massa fresca que serve para afinar a massa e fazer macarrão. Eu achava que uma coisa precisava vir conjugada da outra pq da mesma forma que não tinha espaço pra sovar, tbm não tinha espaço ideal pra afinar. Nessa o namorado do meu marido me deu a máquina, só que eu não tinha batedeira, então resolvi comprar.
De lá pra cá fiz várias coisas bem legais e confesso tá lembrando bastante do Sr Centro, de uma forma terna mesmo, sentindo saudade desse universo que dividíamos. No fim de semana assisti o filme "Rivais", um dos filmes da temporada e de alguma forma a dinâmica do filme me remeteu a minha dinâmica com ele. Na história três personagens tem suas vidas envolvidas a partir das suas relações com o Tênis, ele seguiram caminhos diferentes, mas permaneciam unidos por aquele universo, no filme inteiro essas relações aparecem mediadas pelo ritmo das quadras. Isso me lembrou absurdamente ele a minha relação com ele e com a culinária, pq no fim parecia ter se tornado a nossa única conexão. É difícil até falar, pq nós temos até visões de mundo parecidas, mas acho nossa diferença aguda tem mais a ver sobre como responder a esse mundo do que exatamente sobre como enxerga-lo.
Eu costumo dizer que o primeiro gesto de amor que a gente recebe na vida é alimentação e dali pra frente a gente passa a vida nutrindo o que queremos e não nutrindo o que não queremos. Minha mãe nunca foi de cozinha, mas a minha avó era a famosa cozinheira de mão cheia. Quando eu não sabia fazer nem um arroz e o máximo que eu fazia era uns mexidos malucos ela me dizia que eu era bom de cozinha, que tinha "boa mão". Quando minha avó morreu eu já cozinhava, mas cozinhei pouquíssimas vezes pra ela. Lembro que propus fazermos um almoço num dia das mães, deu tudo muito errado, fiquei super frustrado, a minha avó não conheceu minha culinária e a minha culinária é uma declaração de amor pra ela. A cozinha me acalma, me centra, me ancora, é um lugar quase sagrado pra mim, um lugar que me encontrei e que ficou uma espécie de elo perdido com a minha avó e foi nesse solo, nessa arena que eu encontrei com o Sr Centro e lá foi o único lugar que permanecemos quando já não existia mais nada... Agora a distância nos afastou de vez mesmo, mas ficou em mim o gosto pela massa fresca que ele me ensinou e é desse jeito que uma batedeira deixa de ser apenas um eletrodoméstico e vira uma ponte para boas recordações do passado e um "oi, sumido!" no presente.
25.12.24
Jogos de Tabuleiro (Me mimei parte I)
Fiz um post aqui após meu retorno falando sobre minha relação com RPG e hoje vim aqui falar de uma paixão bem mais antiga, que são os jogos de tabuleiro.
Desde sempre curti jogar, fui essa criança que jogava Jogo da Vida, War, Banco Imobiliário, Scotland Yard, Detetive e etc. Segui isso até o início da minha vida adulta. Quando eu tinha meus vinte e poucos jogava com minhas primas adolescentes. Na minha família virou um hábito então até hoje jogamos nas nossas reuniões de família, mas tornaram-se as únicas ocasiões que eu jogava.
Lembro que quando casei me imaginava numa casa em que, comigo administrando os recursos, teria uma estante cheia de jogos de tabuleiro. Mas a vida adulta chega e a gente precisa administrar prioridades. Lembrei de um vídeo recente da Rita Von Hunty em que ela questiona em que momentos deixamos de ser crianças criativas, cheias de espirito artístico e curiosidade pra nos tornarmos adultos chatos e enfadonhos. Bem, não sei responder essa pergunta e nem sei se sou um bom exemplo disso, mas sei que em algum momento eu soltei a mão disso que diz muito de uma ludicidade que o simples fato de ser adulto não tinha tirado de mim, mas que talvez a correria sim.
No ano passado resolvi virar esse jogo, comprei um "Imagem e ação" e um "Perfil" e me diverti bastante com eles, quando foi esse ano no mestrado conheci uma professora que fazia uma extensão de criação de jogos educativos e através dela se abriu pra mim o universo dos jogos de tabuleiro mais contemporâneos, diferente desses clássicos. Em geral esses jogos são pensados com relação ao tempo, para que não sejam partidas infinitas e pra serem colaborativos, ou seja, todos os jogadores unidos contra o tabuleiro, logo ou todos ganham ou todos perdem. Nessa linha o maior queridinho é o Pandemic, um jogo de 2008 onde os jogadores incorporam um grupo de profissionais contendo epidemias e tentando evitar uma grande pandemia no mundo.
No meu aniversário minha amiga me deu o Papers Dungeons uma boa versão do RPG de mesa para a dinâmica de jogos de tabuleiros e para este natal eu me mimei e resolvi comprar o Amigo de Merda (um jogo de cartas rápido e divertido pra jogar com amigos - que tenham inteligência emocional - em mesa de bar) e de natal me dei o Pandemic
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BERROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO |
24.12.24
Ainda estou aqui e o Oscar 2025
Ainda falando em Brasília... Passei meu aniversário lá, foi um dia maravilho, almocei num restaurante mexicano super legal, assisti "Ainda estou aqui" no cinema e a noite fui no show de Caetano e Bethânia, naquele dia eu vivi um Brasil que deu certo, foi incrível.
Sobre o filme não há nenhum exagero midiático, tá sensacional mesmo. Acho que se alguém apenas contasse a história como aconteceu, por mais grave que tenha sido, não soaria tão bárbaro como efetivamente foi. O filme foi muito eficaz em passar a tortura psicológica, angustia, o drama! Se eu pudesse definir com uma palavra eu diria claustrofóbico. Ele é ambientado na maioria do tempo no Rio de Janeiro, numa casa grande, na beira da praia e consegue ser mais claustrofóbico do que e fossem 2 horas de uma pessoa trancada numa caixa. Walter Salles foi muito sagaz nas suas escolhas, Fernanda Torres foi de fato um show a parte, por que tudo, absolutamente tudo estava no rosto dela. Vi uma entrevista em que ela dizia que aprendeu com a mãe a ser econômica com o choro em cena, que se a personagem chorasse no primeiro momento em que havia sentido chorar, até o fim do filme ela estaria em frangalhos. Todo o sentimento do filme passa nas expressões contidas e poderosas da Fernanda.
A recepção dele no circuito de cinema europeu já no fez supor que havia chances para o americano, o estúdio investiu no filme. É como Fernanda diz, se trata de um trabalho de diplomacia tentar chegar ao Ocar, o que dirá ganhar e o elenco tem feito seu dever de casa. Funciona assim, os votantes da academia tem que escolher entre 86 filmes 15 pra uma pré lista, eles não são obrigados a ver os 86, mas são obrigados a ver os 15 pra poder votar. São muitos filmes então é importante que o filme faça uma puta campanha pra chamar a atenção desses caras pra assisti-lo e isso funcionou pq "Ainda estou Aqui" já está na pré lista de filme internacional do Oscar, concorre nesta mesma categoria no globo e Fernanda Torres de atriz, os holofotes estão em cima dele.
Nas rede sociais os brasileiros fazem a sua parte, por que sim, a gente perturba quando algum nosso ganha espaço nas colunas internacionais. É a possiblidade de ver o Brasil representado na maior premiação de cinema do mundo situação que não ocorre desse de 2008 e isso ainda ganha um plus quando a gente pensa que tem exatos 25 anos que Central do Brasil que tbm é dirigido pelo Walter Salles levou Fernanda Montenegro a ser a primeira atriz Brasileira a concorrer um Oscar e agora isso acontece com a sua filha.
Tudo isso é muito poético, mas a verdade é que essa história só tá clara aqui, em solo brasileiro, lá é só mais um filme concorrendo e aparentemente a concorrência não está nada fácil. Comecei recentemente a maratonar a temporada de premiação 2025, não posso falar sobre como está esse bioma inteiro, mas já posso dizer que temos grandes batalhas pela frente. No campo de filme internacional Emília Perez é nosso maior concorrente. O filme francês ambientado no México todo em espanhol e inglês dirigido por um diretor que não fala nenhuma das duas línguas, a principio parece um Frankenstein, mas parece estar agradando bastante a crítica e trás Karla Sofia Gascón, uma atriz trans, forte na temporada, numa época em que a diversidade tem sido tão valorizada, temos a possibilidade de ter a primeira atriz trans a ganhar um Oscar, logo quando Fernanda Torres tbm é uma possibilidade.
Além disso temos gigantes da indústria como possíveis concorrente no páreo como Angelina Jolie, Nicole Kidman, Kate Winslet e Demi Moore. Confesso que em geral não gosto muito da Angelina Jolie atuando e nem dos filmes que ela faz parte, mas dizem que é o melhor papel da carreira dela. Demi Moore atua no queridinho do momento "A Substância". Isabela Boskovis comparou o filme com Laranja Mecânica e eu realmente não acho um exagero. Caricatural, perturbador, incômodo, a substância é daqueles filmes que veio pra marcar a cultura pop, vamos o resto da vida cita-lo quando falarmos sobre a tentativa desesperada pela manutenção da juventude, uma atuação corajosa por que nem de longe deve ser fácil para Demi Moore no alto dos seus 62 anos, vivendo o etarismo dessa indústria, emprestar teu corpo de uma forma tão exposta pra denunciar esse etarismo.
Moral da história, temos boas chances de concorrer, grandes chances de estar no tapete vermelho e uma chance mediana de ganhar, não é impossível, mas vamos entender que um filme que trata da ditadura militar, brasileiro, contando essa história para o mundo já é vitória o bastante, se a gente conseguir a estatueta, foda... mas se não conseguirmos tudo que rolou aqui tá bem legal, não tem mais como perder nessa história, já vencemos a briga agora é só pela cereja do bolo, mas se não rolar, vai sem cereja mesmo.
23.12.24
Booomba ok ok
Falando em Brasília... Era uma quarta feira, eu tinha combinado com uma amiga que a gente ia no cinema assistir "O quarto ao Lado", filme novo do Almodóvar. Chovia baldes, resolvemos assistir num cinema tradicional na asa sul, e tanto eu quanto ela "moramos" na asa norte em Brasília. A ideia era comer alguma coisa depois do filme, colocar a conversa em dia e depois ir pra casa.
Acabou o filme, era um Almodóvar, né? Falando sobre eutanásia, com Julianne Moore e Tilda Swinton na tela, camadas e mais camadas de complexidade para serem digeridas. As luzes acenderam e nós ficamos putos, por que estávamos vendo os crédito e absorvendo... Eu olho o celular primeiro e comento "Acho que aconteceu alguma coisa, tem um monte de gente perguntando onde eu estou, se tá tudo bem, se eu vi o maluco da bomba"... Ela olhou o dela a mesma coisa.. Alguém passa atrás da gente fala "parece que um maluco explodiu uma bomba no STF"...
Tiu França não abalou a república, não destruiu a democracia, não danificou nem a estátua da justiça, mas conseguiu dar uma cagada nos meus planos naquela noite. Com todo o em torno da praça dos três poderes sem poder passar (que era nosso caminho pra mudar de asas), uma chuva infinita e sem a noção clara da seriedade do que tinha acontecido, achamos melhor voltar pra casa naquela noite. Acho que a família deveria me mandar uma placa de agradecimento pq certamente o cancelamento do meu lanche pós cinema foi o máximo do Brasil que ele conseguiu parar.
22.12.24
Brasília
Tenho uma sensação que já falei sobre viagem a trabalho pra Brasília antes aqui. Se eu somar todo tempo que levei lá esse ano certamente dá entre 3 a 4 meses, mais ou menos 1/3 ou 1/4 do ano, mas me deixa partilhar com vocês sobre o que tem rolado.
Há muitos anos trabalho com projetos sociais e é bem comum eu ter de viajar em função deles, a atual associação que trabalho eu já estive nela em outros momentos, da última vez meu coordenador (que é meu amigo pessoal) me chamou e falou que estava num novo momento de expansão e que precisava da minha ajuda nesse processo, daí eu voltei.
Na ocasião já estávamos em diálogos com empesas para patrocinar abertura de novos núcleos e um dessas conversas avançou bastante. A gente é do interior do Rio, daí solicitávamos a abertura em Cabo Frio e havia aí uma fala que a empresa estava muito interessada em Brasília, todavia supervisionar um projeto tão longe exigiria a garantia de despesas que não estavam contempladas pelo projeto. Começou uma queda e braço entre Brasília e Cabo Frio.
Na virada do ano eu tive um sonho que meu coordenador me ligava de madrugada dizendo que tinha sido Brasília e que eu fazia várias pesquisas sobre a cidade no meio da madrugada. O sonho era tão absurdamente nítido, que acordei olhando o celular pra ver se a ligação realmente tinha ocorrido. Não aconteceu, mas no dia 01/01/2024 eu acordei pesquisando sobre Brasília, contei pra ele e ele riu dizendo que eu ficasse tranquilo que tudo estava a favor de ser Cabo Frio. Meses depois, na sexta-feira anterior do Carnaval ele me liga e tivemos o seguinte diálogo:
Big Boss - Gato, suas pesquisas sobre Brasília? Você jogou fora?
Gato - Não, por que?
Big Boss - Por que a gente vai precisar, vai ter que ser em Brasília!
De lá pra cá loucura, sem passagens aéreas contempladas atravessamos Minas Gerais várias vezes de carro, 1250 km, uma pegada pesadíssima. A associação alugou um apartamento funcional e eu passei a eventualmente morar em Brasília. O amor por Brasília não é óbvio, na verdade é bem contra intuitivo. É fácil ter antipatia pela cidade, talvez pelo ranço da política, pelo ar seco, pelo tom artificial que tem uma cidade tão planejada, pela desigualdade gritante que a constituí desde sua criação.
Quando falei pra meu pai sobre ir pra lá, ele que ia muito quando mais novo, dizia que há 20 anos atrás era a única capital do Brasil que ele se imaginava morando. Eu fui pra lá executar um projeto, fora do plano piloto, precisei contratar pessoas, ouvir suas histórias, me incorporar naquela equipe. Conheci usuário do projeto, a famílias, os profissionais da rede de pouco a pouco fui vendo com outros olhos. No plano eu tenho uma grande amiga que mora lá a 4 anos, tbm ia tendo encontros pelo tinder ou mesmo pelo grinder... Eu comecei a viver a cidade não como turista, mas como morador mesmo.
Pra vc começar a ver beleza em Brasília, precisa estar atento ao misto de sotaques, auditivo as histórias de uma gente aguerrida, com o olhar atento para além do plano piloto e lembrar que mesmo nos ambientes mais inóspitos o real resiste e a vida floresce. Um belo dia, voltando pra casa pelo eixo monumental, olhando as luzes da cidade e os monumentos apoteóticos, de uma hora pra outra comecei a ver beleza no que antes só me parecia excesso e de repente como num passe de mágica passei a achar os endereços que pareciam uma batalha naval intuitivos, os monumentos lindos, a organização aconchegante.
Em 2025 eu descobri outra Brasília e gostei do que vi, das músicas que ouvi, da comida que comi, das gargalhadas que dei, das histórias que escutei. Ontem estava passeando com o marido e os dogs e aí comentei com ele que já com 40 anos talvez o sonho da juventude de morar no centro de um grande centro já não esteja tão forte assim, por que as minhas prioridades são outras, mas que talvez considerasse se fosse Brasília, me deu um dejavu da fala do meu pai. Sindicalista, petista, militante que aprendeu a amar o campo de batalha no meio da guerra, assim como eu... Dessa forma, quase que seguindo uma tradição, mais uma flor floresceu num coração no meio do planalto central do Brasil.
Um Hiato
Não fui embora, foi apenas um hiato gigante... Pq é isso, minha vida é uma loucura. Odeio viver falando isso, mas é real. Sempre disse que se não tenho tempo pra estar com as pessoas que gosto ou fazendo as coisas que gosto, provavelmente algo no meu estilo de vida está errado, mas foi exatamente nesse buraco que cai, parece que tô sempre me desculpando com tudo e com todos por não ter tempo para todas as coisas.
Depois do post da Cher tive que ir pra Brasília levei três semanas, quando voltei o trabalho estava me organizando pros fechamentos de fim de ano e sair e férias, fechando o semestre na faculdade.. Uma correria sem fim.
Agora eu entrei de férias, mas com taaaanta coisa pra por em dia que nem sei se vai ser exatamente uma bonança. É o corre de sempre com sensação térmica de 45 graus,
Nesse meio tempo algumas coisas aconteceram, i contar resumidamente nesse post, mas resolvi explorar melhor e diluir em alguns posts que vou soltando durante semana. Então, amores! Apertem o sinto, que mamãe voltou.
27.10.24
A Eternidade com Cher
Todavia o que me motivou a escrever esse post foi um encontro entre Cher e Demi Moore num evento da Dolce & Cabana na Itália que fez com que as pessoas comparassem com a foto da última aparição das duas juntas em 1996, quase 30 anos antes.
20.10.24
Irmãos Menendez, um soco na boca do estômago!
Monstros é ao nome da série da netflix que tem a intensão de contar a história de grandes criminosos que mobilizaram a mídia americana com seus crimes bizarros. Ano passado eles estrearam com "Dahmer: Um Canibal Americano". A temporada contava a história do serial killer Jeffrey Dahmer que matou e comeu parte de várias de suas vítimas durante anos. A série foi um sucesso de crítica e público e eu nem sei ao certo se havia intenção de fazer daquilo uma franquia ou se resolveram fazer a partir desse sucesso. Todos nós sabemos que isso é sempre um risco e que quando uma obra é um mega sucesso a sua continuação vem cheia de expectativas que raramente conseguem ser alcançadas (tá aí Coringa que não me deixa mentir), todavia com os Irmãos Menendez eles conseguiram.
Dividida em nove episódios a série conta a história de Erik e Lyle Menendez dois garotos de 18 e 21 anos que assassinaram seus pais. A série começa a partir do crime, mas toda trama em torno do julgamento e desdobramentos do caso vai contando tanto sobre acontecimentos anteriores e posteriores como também mostra outras versões, mas é importante destacar que toda construção do roteiro é feito pela ótica da defesa, as outras óticas que aparecem são apresentadas sempre por antagonistas. Tanto que no fim qualquer um que assista está solidário aos assassinos, isso é tão claro que, apesar do Erik ter feito uma carta púbica mostrando seu descontentamento com a narrativa, a forma que a opinião pública se colocou a favor deles hoje é um dos pontos que a família está considerando favorável pra tentar tira-los da cadeia na atual apelação.
Eu confesso que assisti os primeiros episódios achando meio "meh", basicamente por que achei que a franquia monstros contaria a história de assassinos em série, logo ter ocorrido um único assassinato no primeiro episódio me dava um sentimento de que tudo estava meio morno, mas se o foco em Dhamer era a quantidade de crimes absurdos e bizarros que ele cometia e não era pego, aqui o foco tá no julgamento dos irmãos e a forma que aa opinião pública foi se fazendo e se refazendo a medida que o tempo passava e novos eventos apareciam. A virada, pra mim, foi quando no terceiro episódio surge a advogada Leslie Abramson, figura polêmica que vai conduzir muito da forma que a história vai ser contada. Dali pra frente eu comecei a entender que a franquia era sobre true crime, mas não necessariamente assassinos em série.
As atuações são excelentes, desde o veterano Javier Barden até outras figuras não tão conhecidas do grande público, mas todas entregaram muito e o roteiro realmente tá um primor. Não é fácil contar uma história policial cheia de versões, não é a toa que a tentativa brasileira de contar a história de Suzane Von Richthofen se converteu em dois filmes narrando os fatos nas versões dela e dos irmãos Cravinhos. Isso é ainda mais complicado quando as partes envolvidas nas história estão vivas e ter suas história reviradas muitas vezes causa desconfortos e desdobramentos, mas Ryan Murphy foi cirúrgico e muito eficiente.
Se há algum dúvida sobre a grandiosidade da série ela cai por terra no quinto episódio. Ele acontece em uma única cena de 36 minutos, onde Erik conta em detalhes para a advogada os abusos que sofria por parte dos pais. A cena começa com ela de costa e ele sentado de frente pra ela, permanece assim até o final, mudando apenas o foco da câmera que lentamente vai fechando a medida que ele vai contando de forma emocionante violência terríveis em plano sequência. Uma cena forte, impactante e que contava apenas com um bom jogo de câmera, um roteiro bem escrito e uma atuação grandiosa. É daquele tipo de cena que merece ser estudada em cursos de cinema e afins.
Ouvi uma crítica dizendo que Dhamer era uma história mais pesada e eu até concordo, mas honestamente acho que em termo de obra Menendez é bem mais, basicamente por que acho que de alguma forma a pegada gore do Dhamer é algo que a gente enquanto público já viu várias vezes, poderia fazer uma lista grande de filmes com cenas tão violentas quantas, mas pouquíssimas obras da dramaturgia que conta de uma forma tão honesta e sensível um relato de violência como esse. Uma ousadia uma cena dessa sem corte, uma coragem de quem sabia o roteiro e os artistas que tinha na mão, eu fiquei congelado, sem conseguir pegar o celular pra olhar a hora, durante toda a cena. Quando o episódio acabou tomei um suto, por que não acreditei que fiquei fixado ali o tempo inteiro, num mundo em que quase nada prende tanto a atenção do expectador por tanto tempo.
Irmão Menendez reforça minha tese de que os maiores ativos de uma obra audiovisual é roteiro e atuação o resto é penduricario pra melhorar a forma que isso é contado, é claro que você pode matar uma cena dependendo de como ela é contada, mas tentar pegar uma obra oca e segurar ela só com efeitos especiais e explosões você nunca vai fazer nada com consistência. Irmão Menendez tem direção de arte, tem roteiro, tem atuação, tem absolutamente tudo e não vai me espantar se vermos ela concorrendo em diversos circuitos de premiação.
14.10.24
O tal do tempo
Daí voltei e escrevi sobre várias coisas que queria falar, acho que post anterior é o último nesse sentido, que de alguma forma me atualiza pro público (oi?), agora é escrever sobre coisas que estão acontecendo mesmo, sobre o hoje, o agora.
Eu quero muito manter esse blog, mas confesso que o tempo é um desafio, ok que o período que fiz esse blog era outro momento, eu se quer trabalhava, mas mantive um bom ritmo até 2013, quando eu já trabalhava bastante, só que agora parece que nunca sobra uma hora livre pra fazer um post vez ou outra. Aliás nunca sobra uma hora livre pra anda... Eu preciso trabalhar, estudar pro mestrado, cuidar da casa, sair com o marido, encontrar algum boy, estar com os amigos, fazer atividades físicas, passear com o cachorro, ver as crianças... Parece que tempo nenhum nunca é suficiente. Eu tô com 40 anos, em 2009 tinha 25, a relação com o tempo é outra! Já estou nos segundo tempo a vida, a ampulheta já virou! Lembro que quando eu era adolescente assistia diariamente malhação, a novela das 06, das 07 e das 08 e fora outros programas. As novelas são historias continuadas que duram oito meses em episódios de segunda a sábado durando em torno de uma hora e meia, hoje se uma série tem 10 episódios de uma hora e tá na segunda temporada eu já não pego, por mais recomendada que ela me seja.
Mas não tô desistindo e nem dizendo que não vou mais escrever, não quero parar, nem e longe quero parar, mas talvez só precise pensar sobre como consigo encontrar tempo pra mim e quando digo "pra mim" não é pro meu enriquecimento cultural, educacional, social, não é nada disso... É pro meu silêncio, é de mim pra mim mesmo, é pra minha subjetividade. Dia desses vi um vídeo da maravilhosa Rita Von Hunty em que ela fazia uma provocação perguntando onde anda a nossa criança interior, sobre em qual momento da vida deixamos de desenhar , ou cantar, ou brincar ou fazer qualquer coisa que te fazia criativo, curioso, inventivo... Fiquei pensando sobre o quanto eu era um garoto divertido, engraçado e leve e o quanto talvez a correria da vida tenha feito eu me desconectar disso.
Sinto que o que preciso pra me resgatar é só olhar pra mim mesmo e ter tempo pra desabrochar uma coisa ou outra. É sobre um tempo que quero ter pra me olhar e esse olhar esse blog me entrega como nada mais. O tempo é outro e eu preciso dar um jeito de montar nesse touro mecânico e me manter em pé, pra não me perder de mim.
Em geral tenho escrito nos domingos e aí coloco vários posts programados, mas quero tentar voltar a fazer como antes, quando tudo que acontecia eu queria despejar aqui e dava um jeito de fazer isso, mesmo que precisasse acordar mais cedo, ou dormir mais tarde, ou dar uma morcegada no trabalho, mas vinha aqui por pra fora de forma muito espontânea, cheio de vontade, cheio de mim mesmo. Esse é o plano, vamos ver até onde vou chegar.
13.10.24
Até que a morte nos separe
A vida inteira eu falei que não existe casamento pra sempre, que casamento se não acabava em briga acabava em morte, pq ninguém morria junto é preciso entender o movimento de finitude de todas as coisas, pq sim, tudo acaba ou como diria Rita Lee, tudo vira bosta.
Só que a vida gosta de pregar umas peças na gente, né? Em 2019 meus avós morreram, os dois! Foi um golpe pesado pra ser dado de uma vez só, mas hoje avalio que viver a pandemia com eles seria um tiro complicado numa família que já via se rachando em torno dos cuidados de dois idosos, precisava ser naquele momento e um viver sem o outro seria um grande problema.
Minha avó morreu um ano após o diagnóstico de Alzheimer, eu tinha pavor da ideia dela não me reconhecer, certa vez cheguei lá e ela ficou me olhando com uma cara surpresa, perguntando era quem, fiquei congelado, ela colocou os óculos e me chamou pelo nome, devo ter perdido uns 4kgs.
Eu nunca achei bonita essa história de gente que o marido morreu e morreu três meses depois de tristeza, sabe? Acho que é um pouco de romantizar dependência, a vida é imperiosa, ela lança as coisas no peito e a gente precisa aprender a lidar... Mas com eles... Bem... com eles foi diferente.
Minha avó estava internada quando meu avô foi pro hospital, ela tava em coma e nós não contamos pra ele. Os dois estavam no mesmo hospital, ela na UTI ele na enfermaria, mas nessas grandes piadas da vida ele se foi primeiro. Eu morava em outra cidade, recebi a ligação de manhã, fui correndo pra lá, minha mãe não quis ir, minha tia estava desolada eu e minhas primas agimos tudo, absolutamente tudo, Quem já cuidou da morte de algum ente sabe da crueldade da odienta indústria da morte, são burocracias e gastos que fazem você deixar o luto pra um segundo momento. Naquele dia eu ainda fui no hospital visitar minha avó, o horário de visitas era até as 16:00, cheguei em cima da hora de bermuda, falei pras minhas primas entrarem pq até eu mudar de roupa não daria tempo no outro dia eu voltaria, 10 minutos depois a minha prima voltou pálida e disse que o médico liberou pra que eu a visse mesmo depois do horário, me preparou para o fato dela estar fria e com a ponta dos dedos e lábios roxos. Eu fui com um irmão caçula dela e ouvi ele pedir pra ela ficar boa logo, pra eles se verem, eu sabia pq o médico me deixou entrar naquele dia, eu sabia que ela já não estava mais ali, só consegui dizer que amava e agradecer no seu ouvido, não sei se ouviu, espero realmente que sim.
No final de um dia exaustivo velando o corpo do meu avô o telefone tocou do hospital perguntando se algum parente poderia ir lá, minha tia deu um grito, acabou! Eles não souberam da morte um do outro e morreram de causas naturais exatamente no mesmo dia deixando pra mim a última lição que é a ideia de que para toda regra sempre pode haver uma exceção e uma história de amor pode terminar pros dois juntos... Ao mesmo tempo, é raro mais acontece, eu mesmo vi acontecer.
12.10.24
Sobre o mundo muito chato
Há dois posts atrás eu falei sobre o fato deu estar fazendo uma leitura muito pessimista da realidade nos últimos posts aqui no blog e daí fiz uma postagem falando sobre avanços de setores mais progressistas e de figuras públicas que só poderiam existir, ocupando os papeis que ocupam e com as bandeiras que carregam, nos dias atuais.
Eis que ontem, zapeando no youtube encontrei na integra um episódio inteiro do programa Márcia de 1997. O programa de auditório apresentado pela apresentadora Márcia Goldshmidt entre os anos de 1997 e 1998 no SBT, seguia o estilo Casos de Família, era a época em que os programas popularescos explodiam e dramas da vida comum da população mais vulnerável socialmente eram explorados sem nenhuma cerimônia. Não havia nenhum pudor ou constrangimento em colocar nas câmeras qualquer conteúdo pela audiência. Se hj no Casos de Família quando há uma briga física entre os convidados a imagem corta pra plateia, lá tinha zoom.
O episódio em questão tratava de crianças perseguidas na escola, de cara já chama a atenção que a expressão "bullying" provavelmente não existia, ou pelo menos não era popular, aliás parece que nada existia, não havia conselho tutelar, não havia nenhum debate sobre racismo, homofobia, gordofobia nem bosta nenhuma, só havia a barbárie mesmo, papo de lei da selva. Crianças tratavam de temas ligados a preconceitos graves ouvindo a opinião de idosas da plateia.
A primeira convidada era uma menina de 11 anos que era chamada de macaco por um coleguinha loiro na escola. Os comentários da plateia eram inacreditáveis, Márcia já falava de racismo, mas em todos os casos segurava muito uma narrativa que esse tipo de situação era parte constituinte da vida escolar, que as vítimas não deveriam se importar tanto assim e que os algozes era mais fortes por resistir melhor a pressões. Neste caso a coisa ainda escalona quando a mãe do menino entra no palco por que era supervisora escolar do colégio. A cereja do bolo é a interpretação feita pela apresentadora que na verdade o menino fazia isso por que gostava da garota, que isso guardava uma feto contido, tese amplamente defendida pela plateia, inclusive pela mãe da menina que estava na ocasião. O rapazinho negava veementemente e dizia que chamava de macaca por que ela era preta mesma, Márcia advogava dizendo que ela era linda e nem tão preta assim.
No segundo caso dois garotos perseguiam um outro afeminado, dizendo que não gostavam do jeito dele e que ele era viado, quando o garoto falou que falavam isso e ele não era a plateia caia na gargalhada. O menino contava ainda que os meninos colavam papel nas costas dele dizendo que ele gostava de dar o c*, e ele n deveria ter nem 14 anos. Quando ele fala que chama a ele de "Vera Verão" (personagem vivido por Jorge Lafont anos na televisão, negro, gay e afeminado), Márcia diz que pelo menos comparavam com um famoso. me lembrei de como sofria com personagens gays na televisão de todas as vezes que eu rezava pedindo a Deus pra que determinadas novelas acabassem logo por que não suportava as brincadeiras que me chamavam pelos nomes daqueles personagens na escola.
No terceiro caso a mãe foi com um menino de 06 anos (pasmem) que gostava muito de comer hambúrguer e batata frita e que por ser gordo os colegas colocavam apelidos como gorducho, elefante sem rabo, baleia fora d'água e baleia assassina. A mãe diz que ele até já queria sair da escola e que um colega já até bateu nele.
No último caso dois garotos que ficavam perturbando um ao outro e soava meio que ok perto dos casos absurdos, mesmo eles falando de "brincadeira" violentas entre si.
No fim do programa a coordenadora do programa de saúde de adolescente da secretaria da escola foi coroar o festival de horrores. No primeiro caso ela dizia que o menino deve buscar outras formas de expressar seu afeto e que a vítima de racismo tem que aprender que no mundo as mulheres são vítimas de violência e ela precisa aprender a se defender melhor, já o menino tem que ficar ligado que um dia alguém pode responder com violência. No caso de homofobia ela fala sobre a pluralidade o mundo, mas que a vítima pode ter um jeito que incomoda e que pode deixar ele triste, logo ofereceu tratamento psicológico pra ele e pros meninos, caso eles queiram. No terceiro caso ela começa com "ser gordo não é fácil", aponta que acha errado os apelidos, mas que ele também precisa emagrecer e parar de comer tanto hambúrguer, tanta batata, tanto refrigerante e que a hora boa pra tentar emagrecer é agora.
Gente.. Na boa.. Um festival de horrores... Hor-ro-res... Dia desses a atriz Eliane Giardino reproduzia um discurso que setores mais progressistas da sociedade já vem falando a muito tempo. O mundo não ficou mais chato, ele já era muito chato pra pessoas que se calavam e tratavam com normalidade as opressões que eram submetidas. O programa, além de todo o absurdo e exposição de crianças de todas as formas, trazia uma dinâmica de culpabilização das vítimas, completamente legitimada por uma profissional da área da saúde mental no canal aberto. Todos os episódios de opressão eram tratado como naturais da escola, da vida infantil, do mundo... As crianças eram a todo tempo convidadas a repensarem seu hábitos pra lidar com essa dinâmica por que elas pareciam impassíveis de seremm mudadas, é tudo assim mesmo.
Quando comecei a escrever esse blog foi um período de virada em que debatíamos muitos na blogosfera sobre o mundo não ter ficado pior quando as pessoas passaram a ter que se preocupar mais com o que falam e sobre como isso chega na outra ponta. De um jeito ou de outro, no final da década de 2000, início da de 10 , era bem comum blogs que eu gostava e de pessoas que traziam debates importantes, terem falas extremamente homofóbicas e eu e mais dois colegas comumente acionávamos uns aos outros pra podermos defender uma ideia sem estar sozinhos, sem sermos atacados por todos com o discurso do mimimi e isso mais de dez anos depois do famigerado programa da Márcia.
Lamento em informar pra quem acha natural os episódios narrados, mas a única coisa mais chata do mundo é a insistência de determinados setores de quererem manterem a realidade como ela era as custas o sofrimento do outro.
Pra quem tiver interesse, segue o episódio, que vale a pena ser visto e debatido sempre como retrato de um mundo que não queremos mais, a violência ainda existe, mas não ter uma chancela de normalidade por parte da sociedade muda tudo. Não gosto de comparar o ruim com o pior ainda, temos muito a avançar e n estamos nem perto do razoável, mas pra mim que vinha numa onda de postagens tão pessimista foi importante lembrar do mundo tão pior que eu cresci, tudo mudou tanto que a gente até se esquece do tamanho do absurdo que era antes.
11.10.24
Bonequinho de Luxo
Jão, sem menor sombra de dúvida, poderia entrar pra sessão #TodaBabada deste blog, todavia o look dele em homenagem a icônica Bonequinha de Luxo para participar do badalado halloween sephora eleva o nível pra outro lugar que merece um destaque.
Tem estilo, tem bom gosto, tem beleza...
Eu devo fazer um adendo aqui e dizer que eu adoro androginia, pra mim, é super atraente essas figuras que trazem elementos femininos e masculinos na sua estética independente de orientação sexual e identidade de gênero. Claro que como tudo na vida, isso pode vir com bom ou com mal gosto, mas neste caso eu acho que o boy foi no alvo e acho que Audrey tbm aprovaria. Não aprovaria, querida?¹
Um respiro com Erika Hilton
10.10.24
Oi, Twitter! Mamãe voltou!
Eu não tenho um pingo de vergonha nessa minha cara, só e apenas por isso voltei mesmo. Disse que não voltava, soube que ele voltou e não baixei, mas quando o meu marido falou "já está funcionado", eu:
Vamo pro óbvio da vida. Xandão tá certo e ponto! Elon Musk é abaixo do nível do aceitável... "Ahh pq liberdade de expressão..."
É claro que as pessoas tem que ter o livre direito de se manifestar, mas a gente vive em sociedade, porra! Existem regras, existem leis, os países tem soberania! No início disso tudo, quando tudo era mato, muito dessas empresas cheias de usuários no Brasil, quando eram acionadas pela justiça brasileira para buscar informações de criminosos, redes de pedofilia e o diabo, respondiam que respeitavam todas as normas dispostas no vale do silício... Então ofereça seu serviço apenas no vale do silício, cara pálida!
O Brasil é o quarto país em número de usuário no twitter e Elon Musk achou que o país todo ia fazer VPN
Adendo
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É conhecer muito pouco disso aqui e apostar muito na corrupção... Há muita corrupção, querido! E preguiça também! Segue o baile!
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Atrás dessa tal liberdade ele manteve diversos perfis de gente espalhadeira de ódio e fake news e o problema pra mim nem são esses perfis em si, mas o quanto isso fortalece pra que as pessoas não se preocupem com o que estão falando. Além disso as mudanças de identificações, as muitas propagandas, o jogo do tigrinho a cada post.. O Twitter só foi piorando, mas devo assumir que ele é muito eficiente em ser esse espaço que reúne coletividade, faz com que a sociedade elabore coisas juntas, faça catarse em massa e não tem koo e blue sky que entregue da mesma forma infelizmente.
Pra mim ele não prega nó sem estopa, hj o povo do assunto estava dizendo que há rumores que ele estuda uma tecnologia que impeça que o sinal do twitter seja bloqueado e aí ele finalmente vai alcançar o que queria quando comprou o twitter por um valor muito maior do que ele poderia dar de lucro. Musk queria poder irrestrito e tá encontrando como pedra no teu sapato as soberanias nacionais e suas leis. Se ele tem condição de criar tecnologia que drible isso tudo e faça com que ele medie de forma irrestrita um espaço estratégico para construção da opinião pública? Eu não tenho dúvida disso... Só acho que no fim vai acabar comendo a própria bunda.
A primeira vez que ouvi a expressão "comer a própria bunda" foi numa entrevista da Elke Maravilha em que a diva falava sobre o crescimento de programas popularescos na TV e ela refletia que a busca por audiência a qualquer preço faria com que o instrumento televisão comesse a própria bunda e que ela já via marcas não querendo associar sua imagem a televisão e só anunciavam pela internet (final da década de 90, início de 2000)... O que a diva disse é o elementar da vida, as pessoas tendem a compulsão mesmo... A querer mais e muito daquilo que lhe dá prazer, mas é natural que o uso indiscriminado e irrestrito crie padrões insuportáveis, que no fim nego já não tá aguentando o que ele mesmo quis, é tipo comer big mac todo dia, o dia inteiro, o tempo todo. A irrestrição total faria o twitter virar uma porra de deep web só que aberto pra todo mundo, com as maiores bizarrices ever e aí era uma questão de tempo até ele se implodir. Só que até isso acontecer, muita merda rolaria, né? Tá aí uma geração inteira com a noção de afeto/sexo formada por Gugu Liberato, que não me deixa mentir.
Honestamente eu olho com muito pessimismo pra tudo, eu n sei o que fazer, então me resta é colocar meme e aguardar essa onda. Já disse aqui que tenho um sentimento de que todo inferno que a gente viveu até agora com a ascensão da extrema direita e discursos que vem junto com ela como esse da liberdade de expressão a qualquer preço é só o começo... A gente ainda tem potencial pra viver muita, mais muita merda! Crises climáticas, migratórias, humanitárias, sociais, políticas, econômicas... É o capitalismo na sua maior efervescência, buscando se manter a todo custo, tendo as instituições que são pilares da civilização vilipendiadas pela sua própria usura... É o capital comendo a própria bunda e pra mim o fim disso ou é apocalipse (literalmente em função de questões ambientais) ou é caos nível queda da bastilha, quebra-quebra, morte, pancadaria... E é isso, gente... Elon Musk é um cavalheiro do apocalipse e o fim do mundo já começou. Então deixa eu ri no twitter enquanto ainda dá.