"Amor a vida" está acabando e na minha opinião alcançou níveis Gloriaperianos de viagem transcendental. Existem tantos fatores passiveis a crítica que eu me canso só de pensar e sempre que eu começo a enumerar esqueço de algum. Hoje, nos 45 do segundo, vim aqui comentar sobre o Félix em especial nos últimos capítulos.
O tema homossexualidade foi todo tratado com jeito rede globo de fazer, de uma forma artificial, plástica, com gosto de isopor. Com o Casal Nico e Eron (vividos por Thiago Fragoso e Marcelo Anthony respectivamente) a ideia era abordar as questões ligadas a adoção gay e barriga de aluguel. Em ambos os casos os empecilhos que costumam ser parte deste processo não foram nem tocados. A trama ficou focada no triangulo amaroso entre os personagens e Amarilis (Daniele Winits) em detrimento aos percalços reais vividos pelos casais que seguem essa opção. O filho mais velho deles, que foi adotado, muito pouco aparece e nunca foi abordada nenhuma dificuldade de adaptação ou estranhamento por parte de um menino negro que foi adotado por um casal de classe média alta, loiros e gays.
Com Félix, do meio da trama para frente, fica claro que a intenção do autor de mostrar que a não aceitação do pai tornou o personagem o vilão que foi durante 80% da trama. O Vilão Boss então seria o pai do gay que o obrigou ter um casamento forjado. Confesso que desde principio nunca fui muito fã do personagem que me parecia extremamente estereotipado no que tange seu vilanismo. Quanto aos trejeitos não que me incomode, só não me parecem naturais, é o hetero imitando a bicha... Quer ver um gay afeminado bem em ação?? Veja Seymou Philip Hoffman fazendo Capote.
Para fechar com chave de outo o autor tem feito as piores sequencias com o personagem. Após resgatar o pai da mão de um casal de golpistas perigosos que o deixaram cego e numa posição de total vulnerabilidade, Félix o leva pra casa da mãe (sua ex mulher) por que ele não tinha pra onde ir. Não aceitando sua condição o pai xinga a ex mulher, filhos e todos que o auxiliam. Durante toda trama as críticas do César voltadas ao filho sempre foram sobre seus trejeitos e o fato de ser gay e agora não foi diferente, cenas rasgadas de homofobia invadem a casa da família brasileira diariamente. Se a homofobia pode ser retratada na televisão??? Deve, o que me incomoda é a subserviência.
Até quando Félix vai se rastejar no chão em prol do amor de um pai homofóbico, machista e preconceituoso??? Possivelmente no final da novela César magicamente vai aceita-lo, mas caso isso ocorra, será do campo da magia mesmo, pq o personagem, durante toda trama, não fez nada diferente de abaixar a cabeça, comportamento este que não poderia levar este pai pra nenhum outro lugar que não a permanência na homofobia.
Novela é formadora de opinião e eu fico me perguntando qual a mensagem que isto está passando. Qual o limite que alguém deve tolerar para poder ser aceito mesmo que por um pai?? E se isso termina bem magicamente a mensagem que fica é: "Engula a seco todas as agressões proferidas, uma hora vc será aceito". As pessoas precisam entender que uma paciência infinita não é paciência e sim passividade.
Na manhã de hoje eu recebi um vídeo que me inspirou a escrever esse post e me veio como prêmio de consolação quando eu penso num Brasil com referência do Félix como comportamento de um gay diante da homofobia. Quer aprender como agir com o homofóbico?? Olha as bichas da baixada em vez das bichas da globo #ficadica
"Tá achando que eu sou viadinho pra abaixar a cabeça??? Não sou viadinho pra abaixar a cabeça não!!!"
Bicha Linda