Há pouco tempo eu troquei o gadgets "To lendo" da biografia sobre a vida da Eva Braun para o último livro da Regina Navarro Lins, por que conclui o primeiro.
A historiadora que escreve o livro é fantástica. Heike B Gortemaker em seu prefácio fala a cerca de outras mulheres de ditadores que de alguma forma foram figuras importantes para o processo de ditadura em seus países, seja contra ou a favor. Eva segue no caminho oposto e se faz completamente apática a tudo que acontecia. A autora se propõe a rever Eva Braun por entender que a "normalidade" aparente diante do mal é um anacronismo que também permite ver o mal por outra luz.
Todos sabemos que a palavra dita tem diversas interpretações e nossa compreensão a cerca das leituras tem muito do que está escrito e muito do que podemos e sabemos assimilar, todavia isso é ainda mais forte na biografia de Eva Braun. Aqui a autora entende que tudo que foi escrito sobre o nazismo por seus atores em biografias, entrevistas e tribunais, é passível a mentira, por que as pessoas faziam tudo para não parecer ter nenhum vinculo com Hitler e seus ideais no fim do nazismo. Então ela te da caminhos.. Ao mesmo tempo que fala que nos tribunais a mãe de Eva disse que sua família era perfeitamente equilibrada e nunca houve uma macula, uma única discussão entre o casal, muito menos perto das crianças, ela tb busca documentos e descobre que o casal se divorciou e reatou o casamento dois anos depois te dando aqui duas fontes para que vc escolha o que parece mais razoável. A biografia possui diversas narrações para uma única Eva Braun.
Porém, no final de tudo não cheguei no tal anacronismo proposto no prefácio.. Não relativizei o mal, talvez por que pra mim Eva Braun é como uma parte significativa das mulheres que conheço.. A maioria delas (se não todas) diriam: "jamais casaria com Hitler", qdo na verdade muito pouco se importam com arcabouço moral de seus parceiros... Minha mãe é um ótimo exemplo.. Vindo de uma família pobre, negra e com um filho homossexual.. Considera o elitismo, a homofobia e o racismo do marido um detalhe a ser relevado, algo a ser compreendido e consegue até dar risada das suas piadas de PÉSSIMO gosto.
As carências pessoais, a necessidade de não estar sozinho e ocupar um lugar na sociedade são questões que fazem o holocausto virar problema de segunda linha. Tenho uma amiga numa relação das mais destrutivas que já acompanhei de perto, vivendo coisas absurdas com um cara que é, dentre outras coisas ,bicheiro... Não quero entrar numa discussão moral sobre o assunto, mas muito antes dele se apresentar como o monstro que é, nem ela, nem ng da família dela, nunca transformou o fato dele ser um contraventor numa questão.... E olha que não estamos falando de um baseadinho aqui.. O negocio é complicado.. A diferença dessa amiga pra Eva Brauns é que Hitler era um monstro pro mundo e um balsamo pra ela... Já minha amiga n tem a mesma sorte.
Anacronismo pro mal?? Não.. Regina Navarro Lins, no livro que me veio na sequencia, me mostra por "A" + "B" quo a apatia de Eva Braun diante do mal não carece de explicações intrapsíquicas a cerca da personalidade de Eva, a gente pode observar isso na construção histórica de uma sociedade machista em que a mulher precisa de um homem pra se sentir parte e se precisar relevar o holocausto pra isso releva... Uma mãe que bate na filha e diz que ela facilitou para que o padrasto a estuprasse não faria isso???? Claro que faria e estamos cheios delas por ai... Sinceramente não preciso ler um livro pra ver a o quão desequilibrado é o padrão de normalidade que define as relações amorosas, basta sentar no meu sofá e olhar pro que tenho dentro de casa, minha família tem excelentes exemplos.
Vou colocar um video do saturday night life aqui em baixo para ilustrar e terminar esse post. Sinceramente não é muito engraçado, mas ilustra bem.. Ilustra bem uma sociedade onde um homem pode fazer praticamente qualquer coisa, exceto ser infiel.. A infidelidade é o pior dos pecados, pk ameça esta mulher de perder este merda que "dignifica" sua vida de merda. Então ele pode ser escroto, ele pode ser fútil medíocre... Qualquer coisa.... Menos infiel... É uma pena que seja dessa maneira, uma grande pena...
mininu, q a gente está lendo o mesmo livro.
ResponderExcluirInfidelidade é pecado? Oh, shit! Inferno aqui vou eu... hahahahahaha!
ResponderExcluirAdoro saber das tuas literaturas, Gatón! Bjundas!
Então, concordo muito com este texto! To aqui babando, como foi bom, e com um exemplo muito bom no final. Adorei.
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