3.10.11

O Antropólogo


Por que eu tenho antropólogo dentro de mim e agradeço a Deus por n ter feito o curso do contrario certamente estaria vivendo em alguma tribo estranha em qq lugar da América do Sul. Muito embora essa coisa de mato e inseto me chame atenção, muito pelo contrario a ideia da tribo urbana me agrada muito mais, gosto de pensar nesse monte de diferença num mesmo espaço físico, com um único cenário. Ter uma tribo com hábitos e rituais específicos no interior do amazonas é até legal, mas acho mais legal ainda são elas usando uma mesma escola, um mesmo hospital etc etc etc... Gosto ainda mais dessas tribos globalizadas e a oportunidade que a internet proporcionou desse encontro de iguais ainda que muito excêntricos.

Talvez seja um dos motivos que tenha escolhido minha profissão, gosto de lidar com o outro.. Sabe a clichê máxima “qto mais eu conheço o homem mais gosto do meu cachorro” ??? Pra mim não funciona, pk eu adoro o ser humano, seus nuances, suas tramas, suas misérias e contradições. De repente seja esse um dos motivos de gostar de reality show tb, nego fala que o comportamento lá não é puro, não é natural, como se n fosse absolutamente natural mudar de comportamento diante da possibilidade de conseguir a bagatela de 2 milhões.

Não tenho problema com iguais ainda que me pareça previsível.. Tenho vários amigos mais ou menos da mesma idade, trabalhando na mesma área, que frequenta os meus lugares e falam dos meus assuntos com opiniões que em geral não me espantam por que eu já sei o que esperar. Apesar do tom de monotonia empregado na colocação até considero esta semelhança uma opção mais tranquila pro convívio diário, mas acho a diferença uma delicia.

Daí a menina diz que é a tchutchuca do baile, ama gaiola, todo final de semana tah no baile funk.. Amo.. Sento do lado e pergunto tudo.. Jamais em tempo algum torcerei o nariz colocando o meu gosto e dando a ele um lugar de destaque... Eu quero saber como é no baile,. Como as pessoas se relacionam, como começa, como acaba, os parâmetros que definem qdo ele tah bom ou tah ruim.. Enfim... Quero saber tudo!!! Só comparo e coloco em termos de melhor ou pior qdo é com iguais, qdo parto dos mesmos padrões.

Acho um barato ver a diversidade das tribos urbanas com suas castas e ramificações... Me surpreendo qdo de repente sai um rock in rio que reúne em um dia mais de 100 mil pessoas de cabelo grande e toda de preto quando eu já pensava que esse povo tinha ficado na década de 90... Ficou nada, tah todo mundo ai... Como tem um monte de coroa que lota as serestas e de repente vc descobre que tem mais gente curtindo Agnaldo Timóteo do que vc poderia imaginar...

Dia desses vi na TV uma mulher que quer ser a mais gorda do mundo e criou um peiperviu na casa dela, onde mais de 30 mil pessoas assinam pra vê-la comendo diariamente. Da pra entender o que quero dizer??? 30 MIL PESSOAS NO MIUNDO INTEIRO SE DISPÕE A PAGAR PRA VER UMA GORDA COMENDO ATÉ EXPLODIR. É muito doido disso e é claro que se encontro um usuário do site dela vou querer entender sob a perspectiva dele o porquê desse investimento.

Dia desses vi na Discovery um programa sobre um fetiche que era o de sentir tesão em bola de soprar. Achei escroto eles fazerem um programa sobre algo tão peculiar e que só esse cara no mundo devia curtir. Ledo engano existe um nome pra isso (que agora me esqueci), várias pessoas curtem e eles levavam o cara pra uma festa desse povo em Manhatan. Acho até que é por isso que gosto tanto de cidade grande, pk não são muito lugares do mundo em que seria comerciável fazer uma festa por gente que tem fetishe por bola de soprar.

Aliás nesse mesmo programa, em um outro episódios falava sobre o mercado que move milhões de dólares, de pessoas que se prostituem pela net. Nego paga com cartão de crédito enquanto a mocinha fica se mostrando na web cam... Já ouviu falar de alguém que se utiliza desse tipo de serviço??? Não, né?? Poizé... É um mercado que move milhões.

Nessa coisa antropô minha, já fiz coisas estranhas e nem me refiro ao fato de ter ido conhecer o Piscinão de Ramos, quando poderia ter ido pela milésima vez a Ipanema, pk nem vejo tanto motivo pra estranhamento nisso. To falando de, com meus vinte e poucos anos, por exemplo eu entrar numas salas bizarras da UOL e conversar com nego que dizia curtir zoofilia pra saber qual é a vibe, sabe??? É diferente de ler nos livros, com um monte de gente falando a cerca de um desejo que nunca teve, com uma referencia moral que só acontece de fora pra dentro. Queria saber qual era a vibe de dentro pra fora, da parte de quem curte... Qual é a onda.

Tb entrava em sala de tavesti e de inicio n entendia essa coisa de CD e TV.. Até entender que tem as que são travas 24 horas (as TV) ou a Crossdress (CD) que só se veste de mulher em determinadas ocasiões.

Teve uma época que vi uma comunidade de infatilistas no orkut, que são pessoas que tem tesão em se vestir de bebe... E eram perfis e mais perfis de caras adultos com pernas cabeludas e bem torneadas usando fraldas.

Nessas andanças eu lembro que conheci os Gouinages e que desses inicialmente virei fã. A expressão francesa se refere a pessoas que curtem sexo sem penetração. A palavra teria origem na ideia do lesbianismo, mas se ampliou para aqueles que curtem uma prática sexual sem penetração independente do sexo. Cheguei a participar de uma comunidade e add um menino no msn que falamos por um tempo, achava bacana quando ele se colocava se dizendo que em suas relações sexuais não havia relação de poder, dominação ou dor.. Era só prazer. E o que mais me impressionava é que... Bem... Acredito que a maioria das pessoas que estejam lendo isso se quer ouviram falar antes, mas epa... Ele só se relacionava assim e achava várias pessoas dispostas ou da mesma tribo. Uma vez comentou a cerca de um casal de amigos que estão juntos a mais de dez anos e que só muito depois ele veio descobrir que eles tb eram, como se aquilo fosse a coisa mais comum do mundo.

Na ocasião entrei empolgadíssimo no fórum parabenizando pk achava fantástico, já que no meio gay a tônica do ativo e passivo é tão forte e norteia tanto todas as relações era bacana visualizar relações que não tinham isso. Cai por terra toda essa bobagem que coloca valores como caráter e companheirismo em segundo plano pra dar preferencia a questões tão pequenas.

Bem... Tudo muito legal até eu perceber que o discurso “não sou e nem gosto de afeminados” ra predominante na comunidade e que eles eram absolutamente fechados a ideia. O que me parecia muito absurdo, afinal os caminhos da sexualidade humana são muito diversos e devemos pensar que até uma travesti poderia ser gouinage se assim quisesse e no meu e entender seria natural que fizesse parte dakela comunidade. Nada, tudo balela, por fim tudo era igual ao mundo aqui fora e o ativo e passivo existiam mesmo sem haver penetração, essas posições estavam ocupadas simbolicamente. Fui expulso, é claro...

E é isso... São muitas historias que daria um blog só pra elas... Aqui falei alguns casos, na maioria envolvendo sexualidade, que geram tribos. Mas nem tudo passa por isso, nego se aproximr por música, religião, política, hábitos e etc... É o universo das modelos, dos budistas, dos naturistas, dos artistas, dos hemofílicos, dos exotéricos, dos skatistas, dos customizados, dos soropositivos, dos evangélicos, dos surdos-mudos, dos cadeirantes, dos maconheiros, dos diversos fã clubs, dos admiradores da cultura japonesa, dos sindicalistas, dos grupos extremistas, das torcidas organizadas, dos hippies, das patricinhas, dos emos, dos mulçumanos, dos esportistas, dos ufólogos, das garotas de programa, dos vegans, dos Judeus, dos geeks, dos blogueiros e de mais um mundo de coisas em infinitos universos.

4 comentários:

  1. ah é
    dava vários posts...

    tb adoro conhecer pessoas novas
    estudar história é algo q surgiu por causa disso e apurou meu olhar
    reconhecer a diversidade do ser humano é uma das coisas q mais me empolgam...

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  2. Antropologia é um MUST... hehehe! A gente descobre cada coisa... e cada um! Bacana essa vibe!

    E quetemabundinhadotitio, hein??????

    Hahahahahaha! Bjundas!

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  3. Não é muito doido esse mundo? Eu cansei já de me surpreender quando vejo algo muito bizarro (partindo do meu ponto de vista), dependendo do que for, eu até tenho essa mesma curiosidade de tentar entender a fundo aquilo...

    Mas não tenho vocação pra antropólogo não XD.

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  4. Eu tenho um prazer absurdo em ficar observando as pessoas, vê-las como únicas e parte de um todo, perceber o jeito de cada uma... Observar e conhecer pessoas para mim é muito do prazer que tenho.

    Aqui em BH, por exemplo, tem uns lugares muito bacanas de se conhecer e a Praça Sete de Setembro (carinhosamente chamada de Praça 7) é um lugar onde se vê de tudo. Todas as tribos, todas as classes de pessoas... e, às vezes, interagindo!!

    É possível observar em tal praça os aposentados jogando xadrez com os metaleiros, enquanto os skatistas estão fazendo suas manobras bem ao lado, os hippies estão fazendo seus artesanatos e prestando atenção nos pastores que estão pregando para a multidão, enquanto outras pessoas preferem observar os artistas de rua expondo seu trabalho/performace... Acho tudo isso fantástico!!!

    Enfim, é isso!! Grande beijo!!

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