27.8.24

O Namorado




O namorado é um reality original netflix gay e japonês. Qualquer um que me conheça dois milímetros a dentro pode imaginar que eu teria super interesse, tanto por gostar de reality como por gosta de ver conteúdos que mostre a rotina de culturas muito distantes da nossa, sobretudo se for cultura gay.

O programa estreou na netflix em 09/07 e foi disponibilizado aos poucos até meado de agosto. A dinâmica era bem simples, um grupo de oito garotos convivendo numa casa, daí eles tinham que administrar um recurso para suas despesas, além disso tinham uma van cafeteria (tipo um food truck), que todos os dias saia pra vendas com uma dupla de participantes. A dinâmica que essas duplas se formavam era sempre organizada pela produção, em geral pediam que um deles escolhesse com quem queriam ir. A produção ainda criava outras situações como pedir pra quem escrevessem cartas anônimas, verificar quem tinha interesse mutuo para fazer uma atividade a dois ou ainda criar programas coletivos com todos os participantes.


ADENDO

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Achei essa dinâmica curiosa, pq a lógica deles era de que convivendo diariamente numa rotina de trabalho as pessoas poderiam ficar mais próximas, inclusive tinha um garoto na casa que vários menino disputavam que ia quase todos os dias, fosse no Brasil nego ia ficar puto.

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O programa me pegou em cheio, é muito curioso ver gays com um comportamento tão fora daquilo que a gente já espera, por que verdade seja dita, se fosse em qualquer lugar do ocidente essa casa ia ser uma putaria sem fim e no meio dessa babilônia o sexo vem de uma forma tão agressiva que vc tem até dificuldade de observar sutilezas, nuances, pequenezas em geral...  Basta assistir “De Férias com Ex”, “Geordie Shore”, “Soltos em Floripa”, “Túnel do Amor” e tantos outros que entra temporada e sai temporada parece que todos os participantes têm um mesmo comportamento serializado.

Em “O Namorado” a coisa na verdade vai no extremo oposto, na verdade em 10 episódios rolou um beijo na boca e nos poucos momentos que parecia que algo ia acontecer, não dava em nada.  Um amigo até falou que eu que eu tava dando pra ser dorameiro e aí devo fazer um adendo sobre dorama e dizer que: Nunca vi e nem tenho vontade... Essa coisa de que “as histórias são fofas e prendem, uma novela moderna e blá blá blá...” Não me atrai em nada, em função da hype me bateu até uma curiosidade, mas 10 episódios de uma hora e meia pra assistir uma história de príncipe encantado com tons  de modernidade, ah me poupa...

A bem da verdade é que se acho a forma que o ocidente lida com sexualidade e sobretudo como a indústria do entretenimento explora isso é problemática, também acho que no meio desse caos a gente acaba por romantizar falta de inteligência emocional e inabilidade social, pq a bem da verdade é que por trás da aparente fofura, tem muito problema e “O Namorado”, pode te provar isso.

O reality meio que acabou por ter duas tramas principais, um era com um garoto que  TODAS AS PESSOAS DA VIDA QUERIAM ELE, o cara nem era tipo padrãozão, mas sim, dos oito participantes da casa pelo menos 03 ficaram vidrados neles e isso era quase 50% do elenco. Eu ficava impressionado sobre como eles não se refaziam, não buscavam outras possibilidades, ficavam todos em torno do menino e mesmo tendo outras pessoas interessadas neles ficavam num sofrimento sem fim, inclusive pelo menos duas pessoas deixaram o programa por não serem correspondidas, pelo amor de Deus... Mas o pior nem foi isso, nada, nada, nada poderia ser pior do que Shun ou Shun-Cu, como eu gosto de chamar.




Shun-Cu é um garoto que despertou o interesse de um outro (o Dai), que ficou no pé desse garoto, sendo hostilizado por ele a todo tempo, se adaptando a todos os chiliques... O menino criticava o jeito dele, teve uma crise de ciúmes por que viu um nude antigo no celular do garoto, vivia cortando ele o tempo todo, ficava fazendo uma cara de cu e distribuindo torta de climão pra casa inteira quando ele não fazia o que ele queria ou mesmo desse atenção pra outra pessoa. A máxima dele foi rejeitar ele no dia seguinte depois deles ficarem por que ele não quis usar uma blusa que ele emprestou... E sabe o que mais me espanta? NINGUÉM, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM nem na casa e nem entre os comentaristas do programa identificavam o comportamento dele como tóxico ou mesmo problemático, agiam apenas como se fosse “o jeitinho dele”... Um puta Chernoboy mimado da porra, que age como se tivesse com o rei na barriga, mas com uma carinha fofa e um jeitinho desajeitado, sabe? Que dá vontade de cuidar... E coitado de quem cruza. Inclusive essa semana saiu uma matéria da netflix japonesa e o casal que saiu junto da casa permanece junto até hoje, Deus ajude esse anjo que é o Dai.

Apesar de tudo isso, acho que salvo o Shun-Cu os outros são bem queridos mesmo, inclusive tem um Brasileiro fofo (gaaaaaaaaato... Pra freeeeeeente... Seduzeeeeeente) e foi muito legal ver um reality gay que proporciona a gente perceber que existem outras formas de existirmos enquanto comunidade, que muito dos nossos comportamentos não estão ligados a uma natureza "X", "Y" ou "Z', mas que tudo tem a ver com a forma que nos aculturamos e que sobretudo pode ser de diferente Se eu gostaria que fosse daquele jeito? Definitivamente não, mas é importante perceber que há outra formas de fazer, ser e existir além daquelas que parece fomos condenados.

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