Falando do Pronunciamento...

Só sei que foi assim... Vi o vídeo da Rosana Hermman, achei bacana e quis fazer um também (não me refiro ao video dela sobre o Irã, mas um pessoal), e não é a primeira vez que quero fazer vídeo pra algum blog que escrevo. Por que não fiz antes? Bem... Precisamos rever uma linha do tempo que explicaria muitas coisas.

Comecei a ter Internet “a vontade” quando tinha 19 anos (coloco a vontade entre aspas por que me refiro a ter o PC no meu quarto e acesso a Internet, mas naquele esquema de esperar da meia noite, os troncos darem ocupado e etc). Eu no fim de minha adolescência e ainda sem ter muito claro como manifestaria minha sexualidade vi nela um paraíso, a possibilidade de vivenciar meus anseios, desejos e sentimentos. Sentado atrás de um monitor eu ia me fortalecendo para assumir o que precisava ser assumido, sempre tive claro que queria casar com um homem, ter filhos, constituir família e pra isso não podia viver dentro de um armário, era necessário coragem para encarar toda essa onda. Conheci pessoas incríveis, grandes amigos, grandes amores, tendo o que poderia chamar de uma vida dupla, de um lado o virtual e do outro real... Só que o tempo foi passando e essas duas vidas foram ficando cada vez mais próximas uma das outras, fui conhecendo pessoas da Internet, apresentando para amigos de fora dela... Conheci meu ex namorado, namorei dois anos e meio, trouxe ele pra dentro de minha família. Com o tempo o personagem que transitava pelo espaço virtual foi se fundindo com seu criador, e eu fui me apaixonando ainda mais por esse espaço. Na monografia de minha pós falei sobre cibercultura, li livros, artigos, estudos, pesquisas, mas acima de tudo eu conhecia de dentro esse lugar e senti poder falar dele com propriedade. Fazer vídeos pra um blog significa a permanência da evolução existente na fusão entre o “real” e o “virtual”. Fiquei me perguntando do que tinha tanto medo para gravar meus vídeos... Penso que através do anonimato tentamos nos esconder de nós mesmos. Me limitando a linguagem escrita eu edito melhor a realidade, passo exatamente o que quero para as pessoas, quando coloco um vídeo, posso ser avaliado por outras variáveis além do conteúdo de que escrevo. Quando você se expõe, precisa estar muito seguro de si e de bem com seus complexos e limitações, antes de qualquer coisa é um exercício de aceitação daquilo que não queremos ver, mas possivelmente veremos refletida na crítica do outro. Porém precisamos, em algum momento enfrentar isso, é o que somos, mais dia ou menos dia estaremos abertos diante de alguém ou algo, pois então que sejamos verdadeiros, nos enfrentemos para conseguir lidar com tudo o que está do lado de fora.