12.5.09

Debate sobre casamento gay na CNT...


Acabei de assistir na CNT um debate sobre casamento gay no programa “Fala Serio”. O programa contou com a participação do Padre Juarez de Castro e de uma advogada especializada em uniões homoafetivas. Muito embora o tema pareça um pouco batido, de uns anos pra cá, as coisas mudaram tanto nesse sentido e em tão pouco tempo, que sentia falta de ver um bom debate sobre o assunto dentro dessa nova configuração.

No inicio do debate a apresentadora já falou de um fenômeno interessante, que foi a dificuldade de pessoas que se dizem contra, querer fazê-lo num debate televisivo, uma vez que, segundo ela, se tornou uma coisa politicamente incorreta ser contra o casamento gay. Como exemplo, citou o caso da Miss Califórnia, que tinha todo o favoritismo para se tornar Miss Estados Unidos, mas que ficou “mal na fita” ao se colocar contra e acabou perdendo a coroa. Então se você ficou na dúvida com o que eu quis dizer com “nova configuração” já deve começar a entender. E as novidades não acabam por ai, Padre Juarez de Castro praticamente se posicionou a favor da união homoafetiva, aqui no blog mesmo, já coloquei um vídeo onde ele diz que os homossexuais devem ser amados, respeitados e acolhidos tais como são, mas no debate, além de reafirmar essa posição, ele se mostrou claramente solidarizado aos casais homossexuais que constroem uma vida juntos e não tem respaldo legal para seus patrimônios. O padre diz que a igreja é um lugar de acolhimento e que Deus ama e quer os homossexuais perto deles mesmo com a homossexualidade.

Em suma achei o debate interessante, a apresentadora bateu bastante na tecla da hipocrisia, que acho que retrata bem as bases da discussão atual sobre o tema. Aqui no blog mesmo coloquei a posição de várias pessoas públicas sobre o casamento gay, quando abordadas no quadro “palavra cruzada” do CQC, e questionei exatamente o fato de todos olharem de forma muito aberta e positiva pra situação... Tal comportamento não condiz, por exemplo, com os números trazidos pelo debate que aponta o Brasil como o país onde mais morrem homossexuais no mundo, devidos suas orientações. É um homossexual para cada dois dias.

A única coisa que senti muito falta durante o debate foi de um homossexual (assumido). Sinto que havia boa vontade de todos os três participantes com a causa, mas senti falta de falas que seriam muito esclarecedoras, mas realmente só quem vivencia poderia dizer. Por exemplo, num dado momento, a advogada citou a entrevista onde Claudia Leitte é questionada por uma repórter travesti se gostaria que seu filho fosse gay, e respondeu que preferia que o filho fosse macho, gerando uma situação constrangedora (a advogada não falou que se tratava dessa entrevista, mas se não for o caso é uma igual). Ela declarou entender a posição da “modelo”, por que ela, enquanto mãe, sabe que se assim o for esse filho vai sofrer muito, vai passar por muita coisa, discriminação etc etc etc... Tb foi colocado mais ou menos no mesmo tom quando se falou de adoção, que a criança vai ouvir dos colegas que os pais são gays entre outras coisas. Acho que faltou um homossexual pra dizer que de perto o diabo não é tão feio assim, longe de mim querer dar uma de Pelé, e falar que nunca fui discriminado (esse foi o posicionamento dele a cerca de sua raça).. .Fui sim, sofri bullying, foram dias horrorosos, mas eu não sou o único no mundo que passou por isso. Uma criança negra tb pode passar, assim como uma mais gordinha, deficiente, ou qualquer outra que fuja do padrão. Dizimar a diferença não é a alternativa. Eu sinceramente não acho que sofri mais do que a media sofre mesmo, tenho uma amiga que é branca, heterossexual, sempre estudou em boas escolas e sofreu muito bulling no período escolar. Com relação a pais homossexuais, lembro que estudei com dois colegas que tinham mães professoras na escola, duas queridas, uma era deficiente física e a outra era negra. Mais de uma vez eu vi seus filhos envolvidos em brigas por que suas mães foram chamadas pejorativamente de “aleijada” ou “preta” e nem por isso ng diz que um deficiente ou um negro não podem ter filhos. É natural uma mãe querer poupar os filhos o máximo que pode de traumas e situações embaraçosas, mas fico me perguntando, quem eu seria se fosse um adolescente branquinho, saradinho, heterossexual... A gente vive numa sociedade muito superficial, estar completamente dentro dos padrões é um convite tentador para mediocridade existencial, talvez hj eu seja uma pessoa melhor exatamente por ter estado, em alguns quesitos, fora do padrão. É necessário que se tenha bom senso e um pensamento mais amplo a cerca da formação do caráter de um individuo, sei que não é fácil pra uma mãe pensar: “Inevitavelmente meu filho vai sofrer em alguns momentos, mas isso é importante para o crescimento dele”... Porém, goste da idéia ou não, vai ser dessa maneira, o que devemos fazer é prepará-los pros embates que fatalmente virão. E com relação à adoção, é lógico que esse tipo de transtorno é ínfimo perto das realidades dos abrigos, quem teve a oportunidade de conhecer um sabe do que eu estou falando.

De uma forma geral eu gostei do debate, foi algo direcionado a discussão homossexual, feita de forma seria, respeitosa e na tentativa de ser sem preconceitos, só senti que não foi feito pra homossexuais, e sim para o grande público, de qualquer maneira a iniciativa foi válida. Me senti mais parte da realidade ali apresentada, do que na que se apresenta com a parada gay.

6 comentários:

  1. A nossa sociedade é extremamente complexa. Como entender um conjunto (sociedade) que se forma por estratos (camadas)?
    Tais estratos são sociais, culturais, raciais, de gênero, ECONÔMICO, etc.
    Como concatenar tudo isso e tentar fazer uma coisa só (sociedade)?
    Só sei de uma coisa, temos que lutar pelo menos por direitos que nos permitam ter liberdades. Liberdade de ser o que somos.
    Agora está na hora de lutar por direitos de não sermos atacados por dircussos de ódio por aquilo que somos.
    Belo texto....

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  2. odeio bullying e mobbing... conversando com um amigo meu que se demitiu da empresa onde trabalho, ele me contou que sofreu bastante bullying na tal empresa.
    putz... tem espaço para todos nesse mundo...
    queria ter visto esse debate!
    Abração

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  3. Oiee. rs quanto ao seu post.

    Quando vejo esses temas na televisão, tbm tenho vontade de estar no programa, sempre acho que eu teria melhores argumentos. Mas não estou. rs

    Quanto a mim.

    Não brinque com isso. Não sou emo ahahahhaahhahaha


    De que lugar vc é? até que enfim alguem que conhece aquele fim de mundo...
    Aceito o convite para ir tomar aquele café.
    ( pode ser uma cervejinha hein hein??)

    Minhas idéias de adolescente? aff esquece... Nada que preste ahahahahahaha

    Tartaruga ninja? ahuahauahaua pq?? é baixinho e troncudo? rs


    Bejus

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  4. Você é um filho da mãe.... só ta me tirando..

    deixa vc. vou achar algo pra te zuar tbm. Quando vc decidir tirar a foto desse gato louco de ácido. ahahahahahahahhahaa


    add no msn lá Leonardo. ahhahahahahha

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  5. Adorei o texto.
    Claro e preciso sobre sua opinião sobre o programa. Me deu vontade de ter assistido.
    Grande abraço

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  6. Realmente não sei o que pensar, pois não vi o programa, mas pelo que você escreveu ele foi bem pertinente. O fato é que quem deve ser convencido não é o homossexual, mas a grande massa. Por questões óbvias os homossexuais tendem a ser favoráveis a medida. Fico feliz também por termos pessoas, não homossexuais, querendo estender este debate, que de certa forma tem sido abandonado até pelos principais interessados. Volto ao ponto que conversamos no bar. Falta de interesse político. Como reverter isso, ainda não sei, mas não passo um dia sem refletir o tema.
    Os textos estão ótimos! Continue assim.
    Abração!

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