28.5.09

Verdades Desnecessarias


Dan - Como foi?

Ana - Bem.

Dan - Encontrou ele?

Ana - Sim

Dan - E depois?

Ana - Depois fomos embora.

Dan - E...

Ana - Não tem nenhum e..

Dan - Você não o vê em 4 meses, deve haver um e.

(silêncio)

Dan – Como ele estava?

Ana - Horrível

Dan - Como vai sua dermatologia?

Ana - Ele é médico particular agora.

Dan - É mesmo?

(silêncio)

Dan - Ele chorou em todo lugar?

Ana - Parte do tempo.

Dan - Pobre coitado... Ele Deu trabalho?

Ana – Está com raiva porque o vi?

Dan - Não. É que. Eu não vi a Alice.

Ana - Não pode vê-la. Não sabe onde ela está.

Dan - Estou tentando achá-la.

Ana - Você sabe por que o vi. Ele está implorando há meses. Eu o vi para que ele assinasse.

Dan - Ele assinou?

Ana - Sim.

Dan - Parabéns. Você é uma divorciada.

Ana - Duas vezes.

Dan - Como se sente?

Ana - Cansada.

Dan - Você dormiu com ele, não dormiu?

(silêncio)

Dan - O que espera que eu faça?

Ana – Entenda.

Dan - Por que não mentiu pra mim?

Ana - Porque combinamos sempre contar a verdade um ao outro.

Dan - O que tem de tão fabuloso sobre a verdade? Tente mentir para variar, esse é o costume normal do mundo.

Ana - Eu fiz o que ele quis e agora ele vai nos deixar em paz. Eu amo você. Eu não dei nada a ele.

Dan - Seu corpo?!

Ana - Se Alice chegasse até você, desesperada, com todo aquele amor ainda por você e Ihe dissesse que queria uma última vez para superar você, você aceitaria.Eu também não gostaria disso, mas eu te perdoaria. É compaixão.

Dan - Não. Covardia. Você não tem coragem de deixá-lo odiar você... Já era.

Ana - Você não é mais inocente.

Dan - Não!

Ana - Não pare de me amar. Dá pra ver o amor se esvaindo. Sou eu. Lembra? Foi uma estupidez e não significou nada.Se realmente me amar,vai me perdoar.

Dan - Está me testando?

Ana - Não... Eu entendo!

Dan – Não, ele é que entende. Tudo que consigo ver é ele em cima de você. Ele é esperto. Seu ex-marido. Eu quase o admiro.



O texto acima descreve uma cena de “Closer – Perto demais”. O filme conta a estória das idas e vindas amorosas de 4 personagens entre si. Na cena, Ana acaba de encontrar com o atual namorado, com quem pretende se casar, logo após pegar o divorcio com o ex. Depois de muitas tormentas, eles finalmente ficariam juntos, não tivesse Ana trazido a tona a derradeira verdade. A troco de que???

Lembrei de um amigo agora, que após anos numa relação fiel a seu namorado cometeu um deslize... Era pequeno demais pra levar a relação ao fim e grande o suficiente para ser perturbadora na cabeça do “traído”. Ouvindo sua fala eu sentia que seu discurso secretava um desejo além da sinceridade... Havia a necessidade de diminuir a dor da culpa, de compartilhar com o outro seu pecado... E esse outro na iria larga-lo, sabíamos disso... Só facilitaria para o meu amigo que poderia ter o perdão e enfim dormir em paz. Acredito sinceramente que nesse caso o mais honesto e justo a ser feito era mentir.

A realidade, não passa de uma grande edição a todo momento editamos as melhores palavras e comportamentos... Faz parte da realidade as mentiras, omissões, esquecimentos, divagações, fantasias, faltas, lacunas e etc. Quando alguém nos pergunta “você vai gostar de mim pra sempre?” sabemos perfeitamente que “pra sempre” é muito tempo, que tudo que começa um dia está passível a acabar, que o hoje nos pertence, mas o amanha é uma grande interrogação... Porém não é a hora desse discurso... “Mentiras sinceras” não interessam apenas ao poeta... Interessa a todos nós...

Ontem a noite num acesso de ciúmes ouvindo meu quase namorado falando do ex, irracionalmente falei da afinidade existente entre meu ex e eu na cama, com riqueza de detalhes. Só voltei a mim quando ele fria e sobriamente me perguntou: Por que você faz isso? Só me restou pedir desculpa, não havia racionalidade alguma na minha fala, uma verdade perturbadora e desnecessária... Verdades perturbadoras e desnecessárias devem ser abortadas... Não acrescentam nada e não tem nada a ver com honestidade ou justiça. Honesto é fazer bem a quem se gosta e justo é lançar mão de qualquer recurso por isso.

Ai em baixo segue um pequeno trecho da conversa entre o Dan (personagem do diálogo acima) e o Larry (o ex marido).



Dan – Quando ela gozou, você acha que ela realmente gostou?

Larry – Eu não fiz aquilo para que ela gostasse...eu trepei com ela para foder você Uma boa briga nunca é limpa. E claro que ela gostou. Como você sabe, ela adora trepar com sentimento de culpa.

5 comentários:

  1. Concordo contigo em gênero, número e grau. Agora fala mais, em detalhes, dessa afinidade... :-)

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  2. Risos....
    Eu faço apologia a cuplicidade... preciso falar o que penso, o que quero e o que faço pra quem está do meu lado (namorado, marido...enfim).

    Mas concordo com o Edu... falemos da afinidade? rs

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  3. Mas vcs gostam é de ver o circo pegar fogo, hein...

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  4. Verdades ditas sem tato beiram a crueldade.
    Mas ,confesso,detesto saber depois bem depois o que todos ja sabem...........se bem q exista momentos que adoraria ter sido enganada ,sem nunca saber da verdade.

    PQP nem seu sei o que quero.
    Verdade ou mentira sincera?
    Beijo
    Denise a maluca rs

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  5. ADORO ESSE FILME... AMO ESSA CENA!

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