19.5.09

Infidelidade


Há um tempo atrás a MTV parou de gravar o programa Ponto P. com a Penélope Nova e eu que sou super fã da Penélope, lamentei. Acho ela muito apropriada pra falar do tema (sexo), ainda mais pra adolescentes. De forma muito descolada conseguia falar as coisas caretas que de fato tem de ser ditas num programa do gênero. Porém já estava realmente ficando repetitivo, eu já sabia exatamente o que ela ia dizer, por exemplo, qdo surgiam as insistentes dúvidas de como fazer sexo anal, ou quando alguém reclamava que o homem queria sexo toda hora e etc. Quando o assunto era infidelidade ela vinha com outra resposta quase que padronizada, aliás mesmo quando a dúvida não era sobre infidelidade, mas a pessoa acabava falando que era infiel pra explicar algo, o assunto tomava conta da ligação... O discurso era sempre solidário a figura “infidelizada”, dizia que achava uma grande sacanagem por que o sujeito obrigava o outro a viver uma mentira.

Bem... Esse é o pensamento corrente, mas pensemos um pouco a cerca dele: Afinal, no momento da traição quem está sendo enganado de que??? Sim, há uma quebra do “contrato matrimonial”, por assim dizer, o sujeito está mentindo para o seu parceiro e enganando ele de alguma forma, mas me parece um pouco excessivo dizer que está fazendo alguém viver uma mentira. Fosse assim quando a mulher inventa aquela dorzinha de cabeça por que não estava afim naquela noite, também estaria fazendo o parceiro viver uma mentira. Esse pensamento parte do pré suposto que toda traição se da devido a uma falha na relação, o que não é necessariamente uma verdade. A relação pode estar numa boa e ainda sim o cara, por uma oportunidade, acabar traindo. Acredito sinceramente que traição tem muito mais a ver com caráter do que com falhas da relação em si (não estou atribuindo valor de bom ou mau caráter, me refiro a ideais, princípios, personalidade, e etc). Quem tem o costume de ser infiel sabe que é, mesmo quando está solteiro e quem não é tem outra postura diante de uma relação em crise.

Na verdade acredito mesmo é que o infiel está, antes de qualquer coisa, traindo a si mesmo. Ele rompe com os planos de vida que fez, é incoerente com suas opções e acaba se enrolando cada vez mais. Numa outra postagem que fiz aqui, comentei de uma amiga que namorou dez anos com um homem machista e medíocre. Pra suportar aquela relação ela o traia constantemente e depois voltava pro lado dele no sofá. Afinal de contas quem estava vivendo uma mentira??? Aquele homem era a realidade dela, realidade essa que ela tentava amenizar por fora, mas não tinha jeito, ela sempre voltava pra casa e era ele que estava lá, sendo grosseiro, coibindo, amarrando... Mentira ela vivia na rua, com a falsa sensação que algum daqueles homens, que naturalmente não levavam ela a serio, iriam tirá-la do ciclo doente que se envolveu. Hoje, livre dessa relação, vez ou outra a vejo enrolada com algum cara que esteja ficando, muitas vezes inventando mentiras absolutamente desnecessária... Diz trabalhar em outro lugar, ou ter uma função diferente do que de fato tem, que o ex-namoro durou seis anos e etc. Pequenas mentiras para causar uma impressão melhor, mas que acaba deixando ela enrolada. A verdade é que seu namoro anterior deixou nela o vicio da mentira.

Minha mãe costuma dizer que uma pessoa agressiva pode até te fazer algum mal no momento que é agressivo com vc, mais o maior prejudicado com a agressividade é ela mesma, a longo prazo os prejuízos serão muito maiores, irá perder pessoas e oportunidades. Acho que a infidelidade é mais ou menos por ai, no momento em que o cara é traído sente um buraco abrir no chão, mas isso passa e em algum momento ele encontra alguém disposto a construir o plano que ele fez. Quem cometeu a traição, está criando em si uma espécie de indisciplina com aquilo que é fundamental para a construção de suas bases.

7 comentários:

  1. Bem simples.
    Infidelidade não existe.
    É que nem Papai Noel, Coelho da Páscoa e Político Honesto: MITO. Coisa que inventaram e a gente passou a crer. Bovinamente.
    Tenho outras percepções - bem minhas - sobre o tema... mas claro que não poderia expor sob pena de ser queimado na fogueira... hahaha!!!!
    Hugzzzzz!!!

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  2. Maravilhoso! Pena eu não estar podendo acessar o meu Orkut no momento, utilizaria esta última frase como destaque. “Quem cometeu a traição, está criando em si uma espécie de indisciplina fundamental para a construção de suas bases.” Epifania pura!
    Tenho uma visão muito particular da traição, mas ela se adapta a quase tudo que você disse. Nossa! Estou trabalhando cada palavra. Muito bom o texto. A palavra perfeita para o que aconteceu comigo ao ler o seu texto é ÊXTASE.
    Não vejo problema na traição enquanto ato físico, que pode ser até provido de sentimento, mas quando ela invade o campo do mau-caratismo torna-se cruel. Não é problemático trair, se deixamos claro que não sentimos nada pela pessoa. Relações desgastadas acabam conduzindo a traição. O problema é quando alegamos querer dar manutenção a um sentimento e nos permitimos à traição.
    Não quero julgar quem trai, pois o desejo é inevitável e cada um sabe até onde vai o seu autocontrole. O problema é permiti que terceiros sejam atingidos por uma atitude egoísta. Levei anos para aprender isso e tenho certeza que todos, que têm bom senso, conseguirão aprender um dia. A infidelidade é uma realidade com a qual a maioria de nós terá que aprender a conviver.
    Abração!

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  3. Bom... um tema um tanto quanto complexo (já que não é um tema único... as ligações de idéias são infinitas).

    Qualquer definição pronta e acabade de TRAIÇÃO ou qualquer outro tema dessa magnitudo não passa de "senso er comum" ... não podemos resumir algo tão ambrangente complexo a uma receita do que é certo ou errado... do que pode ou não pode!!! Acredito que traição é um aspecto puramente cultural que foi cristalizado e massificado na população com o passar do tempo... dai... justifica-se a variação e total alteração de valores quanto ao tema... Não vou entrar no aspecto de quem está traindo quem em toda essa história!!!

    Até mais!!!

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  4. Vendo o comentario do Ricardo percebi que a última frase ficou meio mal elaborada, então já tratei de editar...

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  5. E eu vou falar o que né!!? A minha intenção nunca foi vender imagem nenhuma. Mas acabou que ao partilhar minha história no blog as coisas foram tomando essa linha de vender uma imagem. E eu e Alê, somos sim apaixonados um pelo outro, por tudo que representamos um pelo outro e pelo que já vivemos juntos....
    E essa história ainda vai render...
    E deixa de ser tiazona... amarga kkkkkkkkkkkk
    Bjus meu e do Alê.

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  6. É um tema espinhoso porque mexe com as bases todas da nossa educação ocidental/religiosa. E acho que há infinitas cores nesse arco-íris de sexualidade, então cada caso é um caso. Mas na dúvida, acho que a palavra a ter em mente é "carinho". Nunca colocar o parceiro oficial em segundo lugar, se for ter que trair.

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  7. Nossa, eu também adorava o "Ponto Pê". Vou me abster de comentar sobre infidelidade rs Acho TÃO complexo. Mas, eu ainda prefiro acreditar que traição esteja, de alguma forma, relacionada com um relacionamento não muito bom. Mas, como você disse, é também uma questão de oportunidade. Ou seja, fico com a opinião de sua sábia mãe. Abraços!

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