15.9.11

Uma Velha Amiga.


Nós éramos os melhores amigos da vida... Nos conhecemos no teatro .. Eu tinha 14 anos e ela 16... Era o final dos estranhos anos 90, onde surgia Britney Spears e começavam os reality shows...

Ela era um furacão e de pouco a pouco foi tomando espaço na minha vida, entre os meus amigos e familiares... Todos sentiam ciúmes... Seus familiares, os meus... Meus amigos os dela... Que depois viraram nossos amigos. Era difícil pensar em um sem logo imaginar o outro.

Ainda hoje o que me dizia naquela época faz sentido, como se ela pudesse prever aos 16 o que só hoje posso ver. Talvez pelo seu jeito libertino ou libertário, conseguisse ver as coisas com tanta clareza, enxergava o mundo sem os óculos do preconceito, a vida como ela é.

Naquela época eu não era assumido e minha trama era só minha a dela era nossa... Sua relações caóticas, seus infinitos namoros... Ela era um grito... Qdo estava bem todos estavam bem, qdo estava mal chorava, soluçava, gritava... Um caos. Eu era o maior expectador de todo esse caos. Viajamos juntos diversas vezes, saímos juntos mais uma pá... O amigo gay e a amiga histérica, uma fórmula que funcionava.

Todavia tinha algo... Algo que eu sempre soube, de forma primaria como um adolescente conseguiria entender. Naquela época eu dizia que só um homem poderia nos afastar... Ela ria, achava absurdo... Hoje eu vejo que não se tratava de “um homem”... Se tratava da histeria.... Nossa relação se alimentava na sua histeria... Sem histeria... Sem furacão... Não havia mais nada.

Eu tava no inicio da faculdade quando ela foi morar no Rio e várias vezes fui pra lá... Tínhamos orgulho de ainda um ano depois de sua partida conseguirmos manter a mesma amizade, da mesma maneira. Até que ela começou a namorar... Namorar um cara bacana até... Achou um norte... Acabou o caos... E nos afastamos... Afastamos... Não houve briga, não houve nada.... Só nos afastamos.

Um dia ela veio pra nossa cidade e me ligou no dia de ir embora, tudo foi muito corrido, não deu pra ligar antes... E a conversa... A conversa era outra... Ela era outra. Papo chato... Falava de trabalho, dinheiro, mercado... Puta papo chato.... E ai ela foi... E nunca mais, nem um telefonema, um cartão, um e-mail. Não havia mais nada. Eu esperava, sabe?? Até que no verão encontrou com dois amigos nossos (de quem ela tb se afastou) e eles a sentiram fria... E o mais grave... Não perguntou por mim. Qdo eles me contaram que não perguntou por mim perceberam que fiquei mexido... Eu disse que não... Mas naquela hora, naquele exato momento, algo morreu em mim, no sentido mais melodramático que a expressão pode vir a ter... Morreu... Acabou...

Os anos se passaram, eventualmente eu jogava seu nome em algum site de relacionamento... Nada... Volta e meia falamos dela como se tivesse morrido. Do quanto aprendemos com sua espontaneidade, do quanto à convivência foi rica... Como se ela estivesse morta... Ela estava morta.

E ai um dia ela apareceu... De repente, não mais que de repente. Me adicionou no FB... Abri um sorriso quando a vi, falamos pelo chat, ela me ligou. Parecia mentira... E quase era.. Pk ela estava tão diferente... Não era mais descolada... Cheia de dedos, de tatos, uma formalidade esquisita. Falava do emprego bacana, do marido incrível, do casamento que foi mágico... Das tragédias da vida... Falamos sobre tudo. Essa noite dormi com um sorriso, era estranho, mas era legal... Marcamos um almoço pra quando eu for pro Rio...

Mas ai passou umas três semanas e de repente ela tah on de novo, dizendo estar com novidades... E a novidade??? “estou solteira”... Ela está solteira... Ela voltou... Solteira... E eu??? Eu agora nem sei se quero abrir essa porta.

4 comentários:

  1. gente, eu não consigo ser tão racional assim, pensar se permito alguém participar da minha vida, sempre deixo acontecer...

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  2. É bem como a gente tava falando esses dias sobre as pessoas - numa época - serem tão presentes e tão importantes e depois de um tempo desaparecerem/mudarem por completo!
    Na dúvida só entreabre a porta... e dá uma espiada antes de deixar (re)entrar... hehehe!
    Hugz, Gatuno!

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  3. Nossa! Quanta emoção nessa relação. Difícil de opinar. Se abri a porta avise logo que a porta da rua é servetia da casa, mas ela deve avisar quando decidir sair. Como homem muda as pessoas!!

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  4. Ah, por isso que eu digo que os relacionamentos sempre acabam. As pessoas mudam, ou morrem, ou desencantam, ou caem na real, ou encasquetam com algum defeito teu e... Já era!!

    Eu não gosto de ficar vivendo de passado. Se eu já vivi aquilo, já foi e acabou. É claro que se ela volta como nova pessoa e vc é um novo cara, pode ser uma história diferente. Daí, talvez valha a pena! Faz um teste drive. Se não gostar, cai fora!

    Abraços!!

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