6.6.12

Tolos





No final do ano passado eu fiz um post aqui no blog no qual comento que a tag “universo gay” seguia diminuído cada vez mais, pk a minha paciência a cerca da temática diminui cada vez que escrevo ou falo sobre o assunto dentro do próprio meio e ouço tanta expressão de homofobia. Criticamos a homofobia do outro quando não conseguimos dar conta nem da nossa. Cansado de ter que explicar tanta coisa obvia e me convencendo que é mais fácil levar um hetero a entender a trama preconceituosa existente por trás da lógica do “não sou e nem gosto de afeminados” do que fazer um gay, sigo morrendo e preguiça do assunto.

E ai que dia desses um amigo me perguntou se eu e Calopsita sofríamos muito preconceito por sermos um casal gay vivendo numa cidade pequena. Longe de mim querer dizer que a homofobia não existe ou que essa é uma causa ganha. Claro que isso não é verdade, mas devo dizer que pelo menos pela frente, olhando pra dentro da minha cara, não me recordo de nenhum episódio desde que viemos pra cá. Muito pelo contrário, os ganhos secundários são vários.

Comecei a enumerar pra ele uma série de situações, muitas delas já descrita anteriormente aqui no blog. Daí lembrei do cara do curso de inglês que perguntou se éramos um casal e ao ter a resposta positiva disse que compúnhamos um casal bonito; da gerente do banco que falava como se tivesse fazendo nosso casamento demostrando querer nos deixar a vontade; da minha locatária que percebeu desde o inicio sendo sempre muito simpática; da minha patroa que é super-simpatizante e  mesmo comigo não tendo dito nada diretamente ela percebe e acredito que isso colabore positivamente pra nossa relação; do nosso vizinho que é professor de inglês e está pra dar aulas ao calopsita e não demostra nenhum problema; dos meninos que estamos jogando RPG q já sacaram e são mega-simpáticos fazendo total questão de estarmos jogando toda semana e por ai vai...

Daí lembrei de um amigo que estava conversando comigo sobre o funcionamento da sala da UOL da minha cidade, que é igual a de qualquer lugar e eu cheguei a conclusão que se der mole o lugar em que é mais fácil um homossexual sofrer homofobia em RO é por lá mesmo. Lá onde nego faz muita questão de saber se vc é assumido ou não, que o  qto vc é afeminado vai fazer toda diferença pra saber se vão se aproximar ou não e que saber se vc é ativo ou passivo norteia as relações.

O universo Gay tem um potencial tão incrível na palma da mão e desperdiça em prol de um modelo falido. Tem uma frase do Veríssimo que gosto muito em que ele diz: “Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca vergonha”. Esse é o lugar que podemos ocupar, temos a chance de rever um modelo falido e o que fazemos?? Abrimos mão dele pra buscar o que está passando.

Uma amiga bissexual dia desses me falou que transou com uma mulher que dizia não ser mulherzinha pk era ativa, o macho da relação e em função disso queria que ela ficasse parada, sem fazer nada.. Só recebendo. E ai minha amiga perguntou: Mas vc acha que quando eu transo com o “macho” fico parada igual uma múmia???

Não, claro que não.. Pk essa lésbica segue o estereotipo de macho e fêmea do século retrasado. Isso me fez lembrar duma entrevista da Thammy Greatchen em que ela disse que gostava da figura da dona de casa de avental... Onde mais??? Cadê essa mulher??? Ela está sumindo na seleção natural, Thammy queria a Dona Florinda, mas ela está em extinção.

Uma vez fiz um desafio aqui pra alguém que encontrasse um conto erótico de dominação gay onde o dominador fosse o passivo.. Um vídeo, uma foto... Não há... Pelo menos nunca vi, deve até ter, mas não é nada comum. Já no universo heteros as dominatrix estão ai sendo penetradas e esculachando a cara dos machos. Mas opa, a gente não consegue ver isso aqui exatamente por que  nos agarramos nos arquétipos de virilidade de um tempo que já se foi, em que o macho domina, a fêmea é subjugada e ponto.

A amiga que narrou o  caso acima dizia que o ideal para ela de fato era uma relação homossexual (masculina), onde via mais casos de sucesso, relações em que as pessoas permanecem tendo vida social, encontrando os amigos e não empobrecem culturalmente limitando suas vidas a falar sobre o trabalho/futebol e exibir o carrão no churrasco do playground nos finais de semana, ou ficar com cara de bunda num restaurante caro no sábado à noite.

Claro.. Eu sei que não é bem por ai... Conheço um sem número de casais gays disfuncionais, mas entendo o que ela fala e acho de verdade que temos um potencial bacana de modelo de relação, mas estamos sempre abrindo mão pra tentar o cagado modelo heterossexual. Enqto as mulheres quando pensam num homem perfeito que seja bonito, inteligente, sensível, que se vista bem e tenha bom gosto, só pode ser gay, o meio gay segue bajulando o ogro heterossexual.  

É muito frustrante ver todo esse desperdício, é muito grandioso o que abrimos mão, uma lástima isso que deveria ser o natural ser a contramão.

3 comentários:

  1. Eu também acho uma grande bobagem. O cara já teve tanto trabalho de rever conceitos dele mesmo, repensar/criticar os conceitos que a sociedade usa contra ele , quando ele podia fazer melhor, ele faz uma dessas... Lamentável!

    ResponderExcluir