19.7.20

Querida, Cheguei!



Amados, eu voltei! 

Depois de muitas voltas e reviravoltas o filho pródigo volta pra casa. Eu escrevi o Yag entre os anos de 2009 e 2013, no Brasil da inocência, quando Bolsonaro era só um cara bizarro no super pop (embora de alguma forma ainda seja). Em 2014 comecei a perder o folego... 2016 tentei um retorno sem muito sucesso.

Não há um motivo pro fim, o blog começou por uma necessidade pungente que gritava dentro de mim de falar sobre o mundo no meu em torno. Havia uma demanda quase que terapêutica de escrever aqui, tudo que acontecia na minha vida eu já ficava na expectativa da hora que iria escrever, era uma espécie de "vou xingar muito no twitter" gourmet.  A blogosfera era uma puta hype, encontrar com outras pessoas que também compartilhavam dessa mesma necessidade, ler os colegas, opinar nas suas experiências, tudo isso era uma delícia.

A tentativa de retorno de 2016 e outras tentativas de blog depois sempre tropeçavam no fim da blogosfera... Sem leitores, sem estimulo. Blogueirinha virou outra coisa, a era de ouro dos blogs morreram. 

Porém sempre esteve acesa em mim a chama da comunicação e isso tem gritado com  força ultimamente.  Seja pelas muitas vozes que sempre me dizem que eu devo buscar um canal de comunicação por que me comunico de forma muito fluída, seja pelo meu próprio desejo de me comunicar ou ainda pela certeza que o sentido da vida está nos laços que construímos eu entendo a importância de me abrir para comunicação.

Em 2013 o gigante acordou estupido e mal educado, em 2018 ele virou o meu gatilho e em 2020 me deu o tiro de misericórdia. O pior legado do bolsonarismo não está em Brasília, mas nas pessoas. Ele dialoga com a sombra que nos habita quando estimula discursos violentos, banaliza a morte e sucateia a vida. De todos os absurdos que Bolsonaro falou o que me parece mais ilustrativo para esse momento foi quando ele disse que não devíamos nos preocupar com corona por que brasileiro nada no esgoto. Ele estava certíssimo, só não sei se tem consciência de que o esgoto que faz com que as pessoas se despreocupem do corona vírus é ele mesmo.

E o que tem haver o Bolsonarismo com o meu chacra da comunicação? Bem… Se pra mim o sentido da vida está exatamente nos laços que a gente constrói, se eu acredito na lógica de Ghandhi de que o homem mais importante da minha vida é o que está ao meu lado agora e seu meus pares estão nadando no esgoto ideológico eu preciso encontrar habilidade e inteligência emocional para atravessar esse corredor estreito. Nem de longe quero fazer uma metáfora em que eu seja a tábua de salvação de alguém, eu só não quero me afogar.

Na tentativa de fazer pontes e encontrar diálogos que me permitam estar conectado com o outro sem perder minha saúde mental resolvi investir em alguns espaços em que eu possa ter um retorno ou no mínimo organize minhas ideias. Considerei criar um medium (uma espécie de blog metido a besta), mas achei o template feio e também vi uns posts que me broxaram, a galera ensinando como conseguir engajamento, como fazer pra publi bombar e zzzzz.... Deus me defenda! Ter leitores é bacana, mas não quero seguidores, quero cúmplices e se não encontrá-los vou tentando me manter motivado com a simples ideia da elaboração.

Após a desistência do medium resolvi dar uma olhada pro Yag, sempre considero entrar em outros projetos de comunicação, mas nunca considero resgatar o Yag pensando na lógica de que essa vibe já passou. Muitas coisas mudaram de 2009 pra cá e sempre penso em coisas que eu possa ter escrito e que hoje não façam mais sentido pra mim, mas na contrapartida eu volta e meia procuro um texto antigo por que me marcou de forma atroz e permanece dialogando com o homem que sou hoje. Então, devo pensar que mesmo que muita coisa tenha mudado, também tem muita coisa que ainda faz muito sentido. 

Quando entrei na plataforma encontrei mais de cem comentários feitos em todos esses anos de pessoas se identificando com textos e histórias. Foi a  gota d'água.. Ainda faz todo sentido do mundo... Nada que eu tenha feito na internet deu tão certo e funcionou de forma tão eficaz pra mim. Tá batido o martelo: Eu voltei!

Algumas coisas mudam nessa temporada, uma delas é um soprar de véu, vou vincular o blog a outras contas minhas, antes era ultra secreto, de alguma forma botar minha cara na reta ainda é um constrangimento, por que é tudo muito intimo e eu tenho uma profissão que tem toda uma cobrança moral, mas vou pagar pra vê.. Assino em baixo de tudo que falo, assumo consequências e paciência, não posso viver preso num quadrado com medo de algo que eu nem sei exatamente o que é. 

Mal comecei a escrever e já estou me coçando para falar de uma série de outras coisas, não tenho mais dúvida... O escritor acordou... Eu voltei!

2 comentários:

  1. Voltou num momento delicado do país e que precisa de muito debate de como chegamos nessa situação e como sair dela. De um leitor que nem sempre comentava ou nunca comentou, mas sempre te acompanhou!

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    1. Olha... Eu realmente estou moooito surpreso de ter encontrado aqui um leitor antigo do Yag, que bacana, cara! Que bom que comentou.

      Acho que o Brasil precisa de muito debate e sobretudo quem está numa posição de resistência precisa de muito afeto e o sentimento de que não está sozinho nisso... Espero conseguir termos isso uns com os outros.

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