19.7.20

Um Vegano em construção



Talvez sejam as muitas vozes que tem me chamado para causa, talvez sejam as questões ambientais que o corona vírus me fizeram refletir, talvez seja a minha percepção de que preciso ter uma outra relação com a minha alimentação, talvez seja um pouco disso tudo que tenha me trazido até aqui.

Eu não tenho exata lembrança de qual foi a primeira vez que ouvi falar sobre veganismo, mas até uma década atrás a gente sabia que existiam pessoas vegetarianas e que elas eram  excêntricas e distantes... Ser vegetariano soava tão excêntrico quanto ser um um beduíno ou um encantador de serpente. 


O tempo passou e essa realidade começou a ficar mais próxima, mais ou menos em 2014 recebi uma amiga vegana em casa e lembro dos meus amigos comentando que só era possível ser vegano em um grande centro, onde se tem acessos.

O veganismo continua parecendo ter uma intima e triste proximidade dos acessos, mas fato é  que com o passar do tempo vencemos com bastante força a barreira da informação. Temos dados o suficiente para saber que sim, é possível. 

As questões ecológicas gritam em 2020. Tenho a sensação (talvez um pouco arrogante), de que a pandemia bateu em mim de uma forma muito diferente do que bateu pra maioria das pessoas. Essa espécie de exílio da minha vida me colocou para refletir de forma muito poderosa sobre o momento que estamos vivendo. As grandes epidemias desse século todas vieram de vírus que mutaram de animais para seres humanos. Gripe aviária, gripe suína, corona vírus... Tudo isso diz da relação que andamos tendo com a natureza e com o consumo de animais.

Os defensores irão falar sobre cadeia alimentar e do quanto isso é natural e eu acho até razoável, a questão é que quando o leão come o alce na floresta ele não coloca ele trancado dentro de um espaço confinado, onde ele passa uma vida inteira comendo, engordando e sendo hormonizado até ser abatido. O leão também não obriga o alce a se reproduzir forçadamente e arranca seus filhotes para fazer uso do seu leite ou não faz sapato com o couro deles. O mundo tem 07 bilhões de pessoas e não dá pra pensar ele com a simplicidade de uma criança no jardim de infância. Nós não comemos apenas o bicho, nós torturamos eles, proporcionamos uma vida de merda em condições insalubres para ele e para quem trata dele.

No fim o buraco é muito mais em baixo, toda industria do consumo é complicada, o capital dilacera vidas humanas ou não. O que precisa ser revisto é um padrão de consumo desenfreado, não tem nenhum sentido eu deixar de comer boi para comer soja se eu também não debato sobre os hectares de floresta são queimados para plantar a soja. 

Em julho de 2020, trancado na minha casa, gostando de cozinhar, me sentido desafiado a isso, entendendo que preciso rever o meu cuidado com meu corpo eu resolvi tentar. A princípio estou fazendo vegetariana e tem sido bem tranquilo. A ideia é fazer completamente vegana a partir do mês que vem, mas já tenho evitado bastante para não ser um racha muito repentino. Sempre gostei de publicar coisas que cozinho no meu isnta e depois de colocar receitas veganas recebi de muitos amigos o pedido que filmasse as receitas. Estou topando o desafio e vou linkar ele ao blog... Até onde isso vai ainda não sei, mas se de tudo nada for, estar mergulhado nessa hype em 2020 é uma forma de sentir que estou fazendo algo por mim e pelo mundo que está a minha volta e isso por si só, já é um aconchego. 

Pra fechar vou deixar o vídeo de uma pegadinha muito curiosa que vi ontem e que pelo incrível que pareça conversa bastante com esse debate. Ivo Holanda também é cultura. 

Essa gente pensa que linguiça dá em árvore?

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