22.4.09

Eu e o mundo



Quarta feira nublada, acordo eu super antenado nos problemas em escala mundial. A visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil definitivamente me marcou. Eu... Desempregado, sem sexo, “recém” tomado pé na bunda, sem celular e etc achei até oportuno me voltar pras questões mundiais, nesse momento undergroud em que passo (não resolvo nem os meus o que dirá os do mundo, mas não custa tentar). O presidente psicopata que coloca gays na forca andará livremente por solo brasileiro e não encontrei em lugar algum, nenhum planejamento de qq manifestação. É verdade que não vamos solucionar o problema, mas tb não podemos ver o trem da historia passar e ficarmos parados diante dele. Registremos nossa indignação, marquemos presença, façamos barulho. Então fiquei pensando em alguma coisinha básica.. Sei lá... Seqüestrar ele e trancar num darkroom, fazer uma vaginoplastia caseira, mandar um primo inconveniente de homem bomba (eu tenho um que se você disser que ele vai ter um playstation 3 no céu de Alá, topa)... Enfim, qq coisa... De repente me toca o telefone...

Amiga, problemas sentimentais (acho que vou abrir uma consultoria, em épocas de crise nem conselho ta saindo de graça)... Não era o melhor momento, eu pensando em mandar um homem bomba encontrar o presidente do Irã, enforcador de gays, e ela me vem reclamar que ta solteira... Tem dó, né...

Porém devo reconhecer que fiquei solidário, ela disse que a crise começou após um pequeno dialogo com uma tia que não via a tempo... Algo mais ou menos assim:

- E os namorados, minha filha?

- To solteiro, tia...

- Por que, meu Deus ???? (olhos arregalados) Uma moça tão bonita...

- É tia, to estudando, né... Muito trabalho...

- Mas com essa idade toda? (silêncio tenso... Por um segundo ela pensou em levantar e fazer um discurso feminista, dizer que era solteira por opção – o que seria mentira, a menos que estivesse se referindo a opção alheia – que não pretende seguir o mesmo caminho de suas filhas retrogradas, tacanhas e tolidas, que delegam as suas felicidades a um homem que fica em cima do sofá todo domingo arrotando lingüiça e vendo Faustão... Mas se contentou em dizer apenas um...)

- ...É, né tia...

Que atire a primeira pedra quem nunca foi visto como um alienígena, ao dizer que estava solteiro, parece que a condição humana básica estar ao lado de alguém e que diante dessa falta fica um buraco que precisa imediatamente ser fechado. E essa coisa do “tão bonita”??? Meu Deus, quem é feia não pode ter ninguém??? Credo...

Outra questão levantada no curto dialogo com a tia torturadora é a idade. Quando vc está prestes a soprar 26 velas no seu bolo ouvir que vai depender se seu pai vai querer na hora do “com quem será”, gera um certo incomodo... Diria até que um desespero...

Do lado de cá eu tentava exaltar o quando de fato ela é interessante e que essa tia foi criada numa época onde os valores ainda são presentes, mas não são mais centrais. Que o amor não é algo pra ser procurado, ele deve acontecer naturalmente... Em um dado momento vc se apaixona por alguém que admira (característica fundamental para manutenção desse sentimento)... Que quando procuramos alguém para namorar, como se estivéssemos procurando um candidato para ocupar um cargo, deixamos de lado o fundamental, que é o interesse por um homem real para construir algo e buscamos o candidato mais preparado para um cargo cheio de defeitos. Se almejamos alguém melhor devemos começar a tentar ser pessoas melhores.

Do outro lado da linha ela insistia em dizer que estava fodida, sozinha e exaltava um cento de características (Independente, politizada, bonita, simpática...). Mas o obvio é que se todas essas características tem como função parecer atraente para um homem podemos dizer que elas são apenas colaterais da insegurança e isso nivela ela no mesmo patamar das primas que tanto criticava...

Por fim desligamos o tel, voltei a pensar no presidente do Irã... Vez ou outra vinha minha amiga na cabeça... Fiquei me perguntando se existe tanta diferença de fato entre ela, as primas, ou mesmo eu, que estava aqui pensando na dor alheia como uma maneira de fugir dos meus problemas, pk embora menores me são tão mais incomodos.
Lembrei de uma fala do club da luta... Tinha lido sobre ela em algum lugar algumas semanas atrás... Dei uma caçada... Achei... Não poderia ser mais oportuna.

"Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar.

Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão.

Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida"

2 comentários:

  1. Muito bom saber que existem pessoas como você que não só refletem mas escrevem sobre essas questões! Belo blog! Boa semana, muita luz!

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  2. posso virar seu fã?

    eu ri e me emocionei no msm txt

    "nossa grande depressão é nossa vida"
    xx

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