21.9.24

Bela, recatada, chão de taco e do lar


 

Em 2016, logo após o golpe de estado  que retirou a presidenta democraticamente eleita, Dilma Rousseff, do poder a revista veja publicou uma matéria falando da nova primeira dama (esposa do golpista), Marcela Temer, que tinha como manchete a máxima "Bela, recatada e do lar". Na ocasião Marcela tinha 33 anos e seu marido 75, o que diz muito do modus operantes do homem e bem, das contradições da "tradicional família brasileira", do patriarcado  e etc etc etc...

Claro que geral caiu em cima, afinal com tanto avanço do debate feminista uma revista se propor a fazer uma matéria sobre uma primeira dama que parecia estar falando de uma dona de casa americana da década de 50 só podia gerar muita polêmica. A bem da verdade é que olhando pra trás isso foi apenas o começo de um mar de retrocesso que viria depois, que até hoje seguimos amargando. 

Feito a devida crítica a manchete escrota devo confessar que se pra uma primeira dama o título soa retrocesso, para uma gay jovem senhora de meia idade é a revolução, pq sim... Amo essa vibes "do lar". A parte do recatada talvez não tenha tanto alinhamento e do bela é uma questão de ponto de vista, mas do lar, eu amo e reivindico.

Durante muitos anos usei o pseudônimo aqui Gato Van e Kamp fazendo alusão a personagem da Bree Van de Kamp da instinta série desperate housewife, que era uma eximia dona de casa. Em 2010 adotei o apelido pq começava a me interessar por prenda domésticas e isso estava cada vez mais evidente na minha personalidade. Em 2014 fiz um post falando do quanto isso se sedimentou e eu realmente curtia muito. Em 2024 afirmo com toda certeza que virou um traço tão forte da minha personalidade que é comum nego reclamar que não tô mais colocando receita na minhas redes sociais.

A maior motivação pra eu escrever esse post é pq ando considerando abrir um canal pra divulgar achadinhos da shopee e que embora minha predileção seja itens de cozinha, eu tbm adoro comprar e conhecer novos produtos de limpeza, compra roupa de cama, arrumar mesa e por aí vai..

Claro que tudo isso com um toque chão de taquer, pq se vc me perguntar o melhor life stile pra se existir no planeta eu certamente vou falar que é a gay chão de taco, com eu apartamento de chão de taco num centro de um grande centro, cheia de plantas, seus gatos, vinis e frequentando suas cafeterias , teatro, exposições e afins. Vivo a frustração de nunca ter morado no centro de um grande centro (isso é um papo pra um outro post), mas atendo vários requisitos: Casa lotada de planta, pai de pet, amante de cafeterias e por aí vai... No fim da história ela faz a pinup dela e assim seguiu sendo esse hibrido de Marcela Temer e Rogéria, pq sim, equilíbrio é tudo.






2 comentários:

  1. Sempre /lileio seu blog e depois desses últimos acontecimentos políticos brasileiros e durante sua pausa de blogar, sempre me perguntei como uma pessoa como vc era fã da da personagem Bree Van de Kamp, uma republicana a favor das armas. Será que ela seria uma republicana a favor do Trump ou contra - já que existem os republicanos contrários a ele. E se ela fosse brasileira seria de direita PSDBista ou se tornaria bolsonarista?

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    1. Que DE-L-I-CI-A reencontrar um leitor das antigas aqui e confesso estar bastante surpreso de saber que vc lembrou de mim e ficou especulando como vivi esses anos do bolsonarismo, penso que é esse tipo de relação que nos une enquanto coletividade. Nãos e trata apenas deu ter uma relação com alguém, mas do quanto as pessoas que de alguma forma convivi ou consumi tb me integram e me fortalecem ou me minam. Muito legal! Você inclusive me inspirou a escrever um post sobre como sobrevivi aquele momento.

      Sobre a contradição, acho que vc está certa. Penso que a Bree provavelmente seria trumpista e se fosse brasileira na melhor das possibilidades seria uma tucana com inclinações ao bolsonarismo. Confesso que vivi muito pouco essa contradição, tenho a sorte de não ter nenhum bolsonarista na minha família e que durante todos esses anos a gente falava mal de Bolsonaro em todos os encontros de família. Já os amigos eu penso que não foi sorte, mas seleção natural mesmo, não divido mesa com gente escrota, nunca dividi. Moral da história, eu até tenho colgas de trabalho e precisei dividir espaço com essas pessoas, mas amigo... Amigo mesmo de frequentar a minha casa... Tive um total de zero decepções... Mas continuo entendendo que as contradições são parte do processo, tenho vários amigos por exemplo que sofreram vendo seus pais se mostrarem alinhados aos valores do bolsonarismo, mas que não deixaram de ama-los e isso é um conflito grande pq é complicado amar quem a gente não admira, mas a verdade é que as pessoas são multifacetadas, o fato de vc não amar todas as escolhas e ideias de alguém não significa que vc ainda sim não possa ter qualquer afeto ou identificação com essas pessoas.

      Além disso tenho um outro ponto: Uma mesma característica que pode ter uma simbologia pra um grupo, pode ter outra simbologia com outro. O que eu quero dizer com isso é que a minha identificação com Bree vinha exclusivamente pela sua relação com a vida doméstica. Uma mulher que ocupa que levanta as bandeiras tradicionais de casamento, casa e família tem ares de conservadorismo, um homem gay estando nesse mesmo lugar é completamente disruptivo e desafiador para ordem. Se no mundo normativo setores progressistas repensam instituições como casamento, na comunidade LGBTQUIAP+ essa possibilidade é a revolução.

      Foi como disse no fim do post, equilíbrio é tudo, Bree pode ser legal, se a gente colocar umas gotas de Rogéria, é só uma questão de calibragem. Obrigado por ter vindo e volta sempre, interage comigo pq estou muito sozinho aqui hhehehehe

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