26.7.09

É.. O gato é polêmico...


Há algum tempo postei aqui no blog algo que falava sobre o fato deu ser de alguma forma polêmico. Confesso que nos últimos anos tenho tentado ser mais brando e menos radical, ainda que isso vá contra minha natureza. Costumo dizer que sou filho do caos... Dele vim, e com ele convivo. Mas, embora não tente a ordem, tenho tentando canalizar e converter esse caos em funcionalidades e evitado discussões bizantinas.


Porém a contrapartida tb n facilita... Estava eu serelepemente na loja de informática quando parei e olhei um folheto, me chamou a atenção por ser uma historinha em quadrinho onde a personagem principal era muito feia. Fui ler... O título se chamava “Como transformar um crime em lei”. Na historia (que digitalizei as fotos e postei ai em baixo na integra, é só clicar nela que aumenta) a personagem principal (a feiosa) Morçana Mortz se junta com mais três amigas (também horrorosas) em um tal comitê das católicas pela saúde reprodutiva e juntas, maniqueistamente tentam pensar em formas de lutar pela lei do aborto, no final conclui que a dificuldade maior era o grupo católico inspirados em Plínio Correa ( um expoente da igreja católica tradicionalista que combateu o comunismo e o progressismo religioso no século XX por meio da TFP – Tradição Família e Propriedade) que lutava incansavelmente contra a lei do aborto. Por fim ela se revoltava quando percebiam que não conseguindo passar a lei do aborto,devido a esse calo, não conseguiriam posteriormente passar a da eutanásia.


Não pretendo nem colocar em discussão os temas abordados em si, mesmo sendo a favor de ambos. Em linhas gerais posso dizer que entendo o feto até o terceiro mês como uma maçaroca de célula e a eutanásia como um ato de amor, generosidade e altruísmo. No segundo caso, não sei se teria a capacidade de ser tão desprendido e nobre a ponto de tendo, por exemplo, uma mãe em coma durante cinco anos dependente de aparelhos, livra-la desse sofrimento indo contra o meu egoísmo mórbido que se conforta na presença daquele vegetal.


O que há de mais grave aqui é a maneira que o autor do folheto, covardemente, tenta desqualificar as pessoas que estão nessa luta, as colocando como pessoas sem caráter e maldosas. Ora Senhores, o fato deu ser a favor da lei do aborto não significa que eu pense que todos os contrários são pessoas ruins, egoístas e nocivas.


O folheto é carregado de estereótipos, umas da personagens tem um visual hippie, as outras parecem bruxas e tem expressões faciais sempre denotando maldade. Isso sem contar a ridícula fala do final (sobre a eutanásia) como se as pessoas não se unissem em nome daqueles ideais e sim pelo único desejo de gerar o mal (ou o que eles entendem como mal) a qualquer custo. Eu não sou a favor do aborto e por esse motivo sou da eutanásia. São coisas diferentes e naturalmente alguém pode ser a favor de um e não ser do outro.


A personagem tb diz num dado momento que uma das táticas é passar de pouco a pouco para conseguir o resto com facilidade. E isso é por que a igreja é contra aborto mesmo em casos de estupros ou ainda de anencefalos. Obrigando que a mãe gere o filho desta violência ou ainda gerar por nove meses uma criança morta, pra por fim enterrar. É por esse motivo, por exemplo, que naquele caso da menina no recife, que foi estuprada pelo padrasto e estava grávida de gêmeos com nove anos de idade o arcebispo excomungou da igreja católica a mãe da menina e os membros da equipe médica que eram católicos e estavam envolvidos no aborto e não fez com o estuprador e por fim declarou: "Ele cometeu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão... Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente.".


Em outro quadrinho uma da táticas de Morçana Mortz é tirar a discussão do campo moral e falar do aborto como caso de saúde pública, direitos humanos e equidade de gênero. Vieses esses, que naturalmente precisam ser enfocados pelos governos mesmo, mesmo por que pela igreja não será, ela está muito mais preocupada com sua burocratização engessada do que pelo bom senso como podemos perceber no parágrafo acima. Agora, não precisamos sair da discussão moral tb, podemos manter-la, podemos inclusive utiliza-la para uma breve análise deste folheto. Do golpe baixo que foi esse folheto em nome dessa luta... Do quanto imoral é tratar o que é diferente como mesquinho, maniqueísta e manipulador quando vc mesmo está sendo tudo isso no momento exato em que faz essa critica.


Sou polêmico sim, por que não me calo diante de demagogia, não me calo diante daquilo que não acredito e acima de tudo não me calo diante daquilo que entendo como injusto e digo:


Sim ao aborto...

Sim a eutanásia...

Não a hipocrisia...









4 comentários:

  1. O problema é que a maioria das pessoas não tem argumentos para fazer uma discussão correta... então, parte para o ataque e a ignorância. Aborto, Homossexualismo e várias outras questões, não se tratam do que eu acho ou você acha, são questões por exemplo de saúde pública, e dessa forma tem que ser tratadas.

    Nesse aspecto, apesar de não querer puxar sardinha para ninguem gosto muito da postura do Ministro da Saúde... em algumas questões que surgiram...

    E se o time dos "polêmicos" estiver meio desfalcado, podem me chamar ;-)

    Abração!

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  2. O seu texto está de parabens! Acredito que nosso sistema judiciário está evoluindo... ainda veremos muita coisa nova apesar dos pesares! Mas assim como você eu digo SIM ao aborto, SIM a eutanásia além de dizer SIM a pesquisa de células tronco, SIM a clonagem de orgão humanos e outras coisas mais...! Sem demagogia, sem hipocrisia...

    NÃO ao autor desses quadrinhos!

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  3. Polêmico nada! "São"! "Esclarecido"! "Coerente"! "Poderoso e vitaminado"! :-)

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  4. Acho que cada caso é um caso. Uma vez na faculdade fizemos uma dinâmica muito interessante. Ela é tão simples, mas foi muito polêmica: a professora colocava, em uma das extremidades da sala, uma plaquinha escrito CONCORDO e, na outra, uma plaquinha escrito DISCORDO. Ela lia em voz alta algumas afirmações mais ou menos taxativas (do tipo: o aborto deve ser legalizado; mulheres são mais sensíveis, adolescentes são rebeldes) e a gente tinha que ir para um dos cantos. Nem preciso dizer que fiquei no meio em todas, sendo rotulado como "do contra" ¬¬

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